sábado, 24 de março de 2007

Oitava

Na freguesia de Góis, existe uma zona de pastagem conhecida pelo nome de terrenos da Oitava, situada na bacia do Sótão e na vertente oriental da serra da Lousã.
A Câmara Municipal julga-se do direito de posse aos referidos terrenos, pois deles tira rendimento há muitos anos, arrendando-os para pastagem. Esses terrenos não estão delimitados, sendo muito discordantes as opiniões dos informadores mais idóneos ouvidos. A zona propriamente de pastagem tem 350 a 400 hectares mas a área que a Câmara reclama é superior a 600 hectares.

Geologicamente, o perímetro é quase todo constituído por formações xistosas do précâmbrico das beiras. Apenas existe um afloramento do silúrico inferior, constituído fundamentalmente por quartzito, que forma a crista montanhosa que tem o seu início no Penedo de Góis.
Os xistos dominantes são cinzento-escuros que azulados, sem vestígios de fósseis de fácil disjunção, particularmente frequentes nas freguesias do Colmeal e do Cadafaz onde são muito aproveitados como lousas para cobertura de casas.
Intercalados com xisto cinzento encontram-se também extratos de xistos ricos e, por vezes, filões de quartzo dos quais, alguns bastante ricos em ouro, estanho e chumbo (minas da roda).
No meio dos xistos é frequente aparecerem intercalações desgadas de granvaque esverdeado. O afloramento silúrico a que nos referimos, é uma dobra anti-clinal que, sujeita a compressões laterais, se deslocou da primitiva orientação NE-SW para a actual orientação NNW-SSE.
Este afloramento é constituído na sua parte mais alta, por quartzito em grandes blocos poliédricos, inclinando-se para leste. Sucedem-se-lhes assentadas de quartzitos em partes xistoides, em delgadas camadas, separadas por xisto grosseiro contendo fósseis.
Os quartzitos silúricos, dispõem-se sobre os xistos précambricos em discordância de estratificação, como se vê claramente no lado oriental da serra.
Esta montanha de enrugamento, que se estende longitudinalmente ao longo do Sótão em grande parte do seu curso, tem sido intensamente trabalhada pelos agentes erosivos.

A vertente virada ao Sótão apresenta importantes afloramentos de quartzito, encontrando-se grande parte da encosta, coberta de amontoados caóticos dos blocos desta rocha do dorso da serra, o que a torna, em grande parte, impossível a arborização. Entre os afloramentos existem contudo, tratos de terreno de boa qualidade, especialmente nos barrocais onde o solo é geralmente mais fundável, vegetando os castanheiros em boas condições.

Os xistos précambricos que, como foi dito, ocupam quase todo o perímetro, dão às serras que constituem aspectos característicos o relevo apresenta contornos arredondados, com encostas escarpadas fendidas por numerosas e profundas ravinas que conduzem os materiais desagregados pelas enxurradas até às ribeiras que correm em apertados e fundos vales, os planaltos quase sempre despidos de vegetação, são uniformes.

O solo é argiloso-silicioso, bastante pedregoso e pobre em cal e ácido fosfórico como todos os terrenos xistosos. Pouco profundo na maioria, é impróprio para a cultura agrícola e muito difícil de trabalhar.
(Informação retirada de um projecto de arborização de 1941)

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