domingo, 4 de fevereiro de 2007

Desprendido, de Abílio Bandeira Cardoso

Em minhas mãos um anjo morreu
De asas quebradas, suspirou lento
Finou-se quieto, sem qualquer lamento
...Só um suspiro breve desprendeu

Ao morrer, mil vozes caíram do céu
Cantando sem qualquer padecimento
Na morte não existe sofrimento
Quando em vida muito se sofreu

Em minhas mãos jaz um anjo quebrado
Um anjo sepultado nas próprias asas
Um anjo caído, morto e despedaçado

Um anjo que, no coração, puras brasas
Continuam a queimar, embora finado...
Na eternidade só o amor não desasa...

Abílio Bandeira Cardoso