sábado, 3 de fevereiro de 2007

Vivo, de Abílio Bandeira Cardoso

Beijo a vida em suas mãos sagradas
Venero a infantil capacidade de sorrir
Ajoelho-me face ao dia que há-de vir
Creio que veredas hão-se ser estradas

Submeto-me a fins de noite desejadas
A sarradas noites de hotel, por cumprir
Creio que o sarro d'Inverno há-de florir
Em frondosas flores não antes cheiradas

Ausento-me dos negros descréditos
Entrego-me a olhares, pregados éditos,
De quem quer conversa para não falar só

Nas camas de vis medos decrépitos
Desato-me na resistência de cego nó
E vivo todas minhas vivas penas sem dó

Abílio Bandeira Cardoso