domingo, 4 de fevereiro de 2007

Conhecer Góis 3


Uma abordagem do passado 2

Ainda que toda a periodização histórica seja sempre artificial, pessoalmente gostamos de o fazer, pela sua utilidade na compreensão da evolução da sociedade. Assim, vamos distinguir duas épocas ao longo deste tempo senhorial.

A primeira abrange a vivência de duas famílias, a dos Góis (1114 - 1459) e a dos Silveira (1459 - 1617), ambas famílias da Corte, de prestígio, com altos cargos na Administração Pública e intervenientes em acções importantes no país.

Na família Góis, que se estende ao longo de onze gerações, vamos referir apenas alguns dos seus donatários, ligados a factos relevantes na vida do concelho:

Gonçalo Dias de Goes – Genro do primeiro donatário Anaia Vestrares, que, ao usar o homónimo Goes, tirado do topónimo local, dá início à nova família. Merecia, pelo menos, uma referência na toponímia da vila.

Vasco Farinha de Goes – Institui, em 1290, o morgado de Góis, um dos primeiros que foram constituídos no reino, uma instituição que iria fortalecer, durante séculos, a unidade do senhorio. Constrói o Paço Velho, no largo do Pombal, que vai servir de residência dos Senhores, até à construção do Novo Paço, terminado em 1532, junto ao rio Ceira.

Gonçalo Vasques de Goes – Escrivão da puridade (hoje chamaríamos Primeiro Ministro) de D. Pedro I, estabelece, em 1314, o primeiro foral de Góis. Não foral do poder central, mas um regularizando a organização local.

Mécia Vasques de Goes – É uma das figuras emblemáticas do concelho, pela sua forte personalidade e envolvimento na vida local. Bem podia ser considerada como símbolo da mulher goiense. E com direito a estátua. Foi dona do senhorio entre os anos 1395 e 1444.

Une-se pelo casamento à família Lemos, mas fica viúva muito cedo. Com uma grande fortuna, faz aplicações no forte mercado financeiro italiano e, em Portugal, conhecem-se ajudas financeiras ao Infante D. Henrique, para os seus negócios e actividades marítimas. Bate-se com energia numa longa batalha jurídica, travada entre os seus filhos mais velhos, para que os negócios do senhorio de Góis pudessem prosseguir no bom rumo. Morre nos Paços Velhos, em 1444, no Largo de Pombal.

Beatriz Lemos de Goes – O último donatário a usar o apelido de família. Casa com Diogo da Silveira, escrivão da puridade de D. Afonso V, da família alentejana Silveira, então em vertiginosa ascensão social e política do reino.

Fora do concelho, outros Goes e Góis (a partir de certa altura usaram-se as duas grafias), escreviam algumas das melhores páginas da história do nosso país. Poderíamos falar sobre muitos deles, alguns levando o nome da nossa terra por outros mundos, mas neste contexto são cartas fora do baralho.

Ao longo deste período dos Góis, e à medida que Portugal também se ia constituindo de Norte para Sul, o concelho vai tomando, pouco a pouco, uma forma administrativa e jurídica cada vez mais perfeita. A palavra concelho raramente aparece antes de meados do século XIII, sendo mais frequente usar-se a expressão “reunião dos homens da governança municipal”.

No início, estendia-se por áreas actualmente pertencentes aos concelhos de Arganil e Penacova, com fronteiras que se foram modificando de acordo com a vontade dos vizinhos.

A família Silveira está em Góis durante cerca de um século e meio, de 1459 a 1617, abrangendo seis donatários. Salientamos três deles, avô, filho e neto, com os quais Góis entraria na Idade Moderna, ao nível que a Corte estava a querer para o país.

Nuno Martins da Silveira

Muito próximo do poder real, em quatro reinados, de D. Afonso V a D. João III, é contemporâneo do foral manuelino, em 1516, e inicia obras importantes da vila, algumas das quais virão ser concluídas no tempo de seu filho Luís.

Luís da Silveira I, 1º Conde de Sortelha.

Talvez a figura mais emblemática do senhorio. Cortesão, homem de espírito e de cultura, poeta do Cancioneiro de Garcia Resende, guerreiro em África, embaixador na corte espanhola.

De espírito rebelde e inconformado, arranja sarilhos com D. Manuel I e D. João III. Desgostoso, afasta-se da corte e isola-se em Góis, para felicidade dos goienses, pois, vai dar um grande contributo ao património da vila (ver à frente).

O seu filho mais novo, o nono, Gonçalo da Silveira, padre jesuíta martirizado em Monomotapa, cantado nos Lusíadas, é figura da História de Portugal.

Tal como seus pais, encontra-se sepultado na Igreja matriz, junto da sua estátua de guerreiro.

Diogo da Silveira I, 2º Conde de Sortelha.

Continua a obra do pai e, com ele, provavelmente Góis atinge o seu zénite.

Inaugura o hospital de Góis, funcionando como albergaria e local de tratamento de moléstias, cuja fama vai atrair muitos forasteiros e chamar a atenção do país.

Cria as paróquias de Cadafaz e de Colmeal, iniciando a construção das respectivas igrejas matriz.

Com Luís da Silveira II, que morre em 1617, sem descendentes varões, encerra-se o ciclo dos Silveira. No seu tempo, em 1599, é constituída a Misericórdia de Góis, exactamente cem anos depois de esta instituição ser formada em Portugal.

A filha mais velha, Branca da Silveira, casa com Gregório de Castelo Branco, novo donatário, desaparecendo no senhorio o nome Silveira.

Como curiosidade, baseando-nos no primeiro levantamento dos lugares e dos seus moradores feito no país, por ordem de D. João III, em 1527 (e não esquecendo a sua credibilidade, face às condicionantes da época), diga-se que a vila de Góis tinha 77 residentes, Várzea d’Além 27, Várzea da Igreja 12, Bordeiro 15, e todas as demais povoações do concelho apenas com um dígito, incluindo Cadafaz (9) e Colmeal (8)... No total do concelho, estimava-se 321.
João Nogueira Ramos
in www.portaldomovimento.com

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tenho o sobre nome Góes e estou tendo muita curiosidade sobre o passado deste sobre nome e tenho descoberto coisas fantásticas deste sobre nome.

Gostaría de ir o mais fundo de puder para descobrir mais coisa.

23 setembro, 2008 13:57  
Anonymous Anónimo said...

EU TENHO O SOBRENOME GOIS MEU AVÕ SE CHAMAVA JOAO GOIS MINA VÕ GERALDA PRESTES GOIS MEU NOME E JUSSARA GOIS DE OLIVEIRA NSC EM SC RIO NEGRINHO MEUS PAIS SAÕ DE SC SANTA CECILIA GOSTARI MUITO DE PODER CONHECER MUS PARENTES

11 novembro, 2010 23:35  
Anonymous Anónimo said...

me chamo Juliana Góis,sou brasileira e tenho muita curiosidades em saber sobre meus antepassados e parentes

07 agosto, 2011 05:26  
Anonymous marcos gois said...

Gostei vamos conhecer os GOIS onde estiverem.-Marcos Gois

05 janeiro, 2012 23:22  
Blogger Unknown said...

Gostaria de saber mais sobre o passado da familia Gois, pois tbm tenho esse sobrenome

29 fevereiro, 2012 02:10  
Anonymous Tina said...

Eu também gostava de saber mais sobre esta familia, pois tambem é o meu sobrenome e sou da Madeira...

20 julho, 2012 22:34  

Enviar um comentário

<< Home