domingo, 7 de janeiro de 2007

652 anos após a morte de Inês de Castro

Foi a 7 de Janeiro de 1355 (faz hoje 652 anos) que Inês de Castro foi assassinada.

Esta era filha de um fidalgo galego, D. Pedro Fernandes de Castro. Foi uma das damas que acompanharam D. Constança quando esta veio para Portugal para casar com D. Pedro, futuro D. Pedro I, filho de D. Afonso IV. Este apaixonou-se por D. Inês, de quem teve filhos, e, segundo algumas fontes, declarou ter casado com ela, secretamente, já após a morte de D. Constança.

O amor de D. Pedro e D. Inês suscitou forte oposição por motivos de ordem política. Temia-se que D. Fernando (filho de D. Pedro e D. Constança) fosse afastado do trono, tornando-se herdeiros da coroa os filhos de D. Inês. Por esse motivo, D. Afonso IV, pressionado pelos seus conselheiros, mandou executar Inês.

A narrativa da vida e da morte, e a desvairada coroação desta dama, é decerto o tema mais versado da história portuguesa. Inês de Castro imortalizada em poemas de espectacular beleza e sensualidade, revivida em numerosos escritores de diversas línguas, enaltecida em composições musicais de rara sonoridade, recriada por pintores, escultores de todo o mundo, continua pródiga em alimentar homens e mulheres das ciências, das letras e das artes.

A história de Pedro e Inês tem vindo a ser contada ao longo dos séculos pelos mais brilhantes escritores do mundo. Camões dedicou uma grande parte do canto III dos Lusíadas à lenda de Inês de Castro, mas outros nomes, nacionais e estrangeiros, deixaram nas suas obras testemunhos da importância deste episódio da História de Portugal. Entre eles figuram nomes como António Ferreira, D. Francisco Manuel de Melo, Voltaire, Bocage, Victor Hugo, Ezra Pound, Alexandre Herculano, Stendhal, Montherlant, Hans Christian Andersen, Agustina Bessa-Luis, Maria Leonor Machado de Sousa, Manuel Alegre, Ruy Belo, Miguel Torga, Natália Correia, João Aguiar, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada entre muitos outros.

Em Góis, Abílio Cardoso também se deixou influenciar, mais do que uma vez, por esta história trágica de amor. Hoje, em homenagem e memória daquela «mísera e mesquinha, que depois de morta foi rainha» (Camões), publica-se um soneto do poeta goiense intitulado «Promessa Real»:

Meu amor morreu, nas Lágrimas, na fonte
Meu Colo de Garça não me espera mais ...
Morreu, por amor, com facas Reais
Punhais D'el Rei mataram meu horizonte...

Morri, meu Amor, sem vos beijar a fronte
Morri sem mais ouvir o quanto me amais
O olhar da gazela que, matar, recusais
É meu olhar, em vós, despedido no monte .

Inês é morta! Pedro, vivo, morre com ela...
Depois da terra, ele Rei, rainha a vai coroar
Obrigando a corte a mão da Castro beijar

Dois tumulos manda fazer, um dele...um dela
Colocados frente a frente para, ao ressuscitar,
Seu olhar, finalmente, ao d'Inês se entregar...

Abílio Bandeira Cardoso

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