domingo, 3 de dezembro de 2006

A Comissão de Melhoramentos homenageou o Dr. Octávio Dias Garcia

A propósito da realização de um magusto na Casa do Concelho de Góis, a Comissão de Lisboa de Propaganda e Melhoramentos em Vila Nova do Ceira promoveu, no passado sábado [25/11], um belo encontro a que veio dar brilho e animação uma excursão que daquela freguesia trouxe o Grupo de Músicas e Cantares Tradicionais, que encatou com as suas actuações.
Vieram cerca de meia centena de pessoas, mas a casa acabou por se encher com os varzeenses de Lisboa, proporcionando um memorável encontro regionalista de convívio e animação, ao mesmo tempo que era homenageado o Conselheiro dr. Octávio Dias Garcia, presidente da assembleia geral da Comissão, que sempre a procurou reabilitar durante uns anos de inactividade que conheceu.
A festa começou com um discurso do presidente da direcção, José de Matos Cruz, em que recordou aqueles que durante muitos anos serviram a colectividade e já não se encontram entre nós. Justificou ainda a razão pela qual o dr. Octávio era distinguido naquele encontro, dada a sua dedicação à Várzea e à Comissão que sempre apoiou e serviu com vontade e entusiasmo.
E afirmou Matos Cruz:
"Estamos a viver mais uma jornada do regionalismo, que há 75 anos os nossos conterrâneos, cheios de amor à nossa terra, iniciaram e transmitiram aos seus continuadores e que agora veio recair em nossos ombros.
A falta de continuidade e a falta de costume não permite que esta Casa não esteja tão cheia como seria nosso desejo e não só da direcção, mas também dos varzeenses que aqui vieram e que gostaram de aqui encontrar outros mais.
Fizemos o esforço para vos proporcionar uma tarde alegre e a presença do Grupo de Músicas e Cantares Tradicionais das Várzeas, que tão gentilmente se prontificou a aceitar o nosso pedido e deixando a família e as suas coisas, vieram a Lisboa, fazer ouvir os seus instrumentos e as suas vozes numa harmonia e musicalidade de encantar.
A presença deste agrupamento veio também mostrar a riqueza de valores varzeenses e bastou um aceno do eng. Adriano Baeta Garcia, para que a vida se alterasse, com a disponibilidade de tempo, roubado ao descanso e à família, para ir ao descanso e à família, para ir aos ensaios e actuações onde a sua fama já chegou e o seu valor se confirmou depois de os ouvirem.
Se repararem no naipe que o compõem e atentam nas suas idades verificarão a juventude que demonstram, apesar dos achaques que alguns já sofrem, e na lição que nos dão mostrando que a idade e sofrimentos não são impeditivos de se darem ao serviço dos outros.
Aliás é essa juventude, com mais de 60 anos, que aqui, hoje, queremos homenagear, pois esta Comissão sempre deveu parte de sua vida às pessoas que se revezaram a substituir os que já cansados de trabalhar, por Vila Nova do Ceira, nos foram deixando.
Não podemos esquecer os nomes de Venâncio Moreira Marques e seu filho Júlio. Os Travassos, José Carlos, João, Armando e sobretudo o dr. Alfredo que foi presidente da Assembleia Geral em 27 mandatos, o António Lopes da Silva, Ernesto Silva, o António Simões Carneiro e quase todos os Silvas da Telhada, o Luís Patrício Dias, o José Ferreira de Oliveira, o Jaime Dias de Matos, o António Santos Machado, o Fernando Martins Gouveia, o Dionísio Antunes Fernandes, o António Luís Trindade Nunes, o Joaquim Poiares, o Ildebrando Lopes de Carvalho, o Francisco Barata Dias, o Horácio, o José Francisco Caldeira, o Victor Simões Carneiro, e muitos outros que tornaria a lista muito longa e os que já neste ano nos deixaram, Aníbal Antunes Tomé Fernandes e Antenor Garcia Monteiro, para oa quais peço um minuto de silêncio...
Ainda temos, felizmente, muitos vivos, que muito deram à colectividade. Albertino Simões Mateus, desde 1950 a 1966, com 6 mandatos. O António Fernandes, desde 1951 a 1975, com 11 mandatos. O Alcindo Martins da Fonseca, de 1953 a 1976, com 9 mandatos. O António Barata Carvalho, desde 1972 a 1983 e voltou agora, 10 mandatos. O António João Barata Rodrigues, de 1976 a 1999, com 8 mandatos. O José Dias Santos, Zé Moleiro, ainda nas direcções desde 1962 até agora com 15 mandatos. O Amador, Nana, desde 1954, até hoje com 11 mandatos. Eu desde 1946, com férias no Brasil, voltei em 1973 a 1982, com 12 mandatos. O Aníbal de Matos, de 1959 a 1982, com 14 mandatos. O Carlos Alberto Baeta Oliveira, com 4 mandatos. O Carlos José Simões Carneiro, desde 1976, com 9 mandatos. O Casimiro Fernandes, desde 1960 a 1975, com 3 mandatos. António Dias Santos, também com três mandatos. O António Luís Martins Duarte, desde 1978 a 2006, com 4 mandatos. O Franklim Alvarinhas, desde 1966 até agora com 8 mandatos. O José Augusto Carneiro Martins, desde 1964, com 11 mandatos. O José Oliveira, de 1963 até 1983, com 13 mandatos. O Mário Manuel dos Santos, de 1953 a 1956 e agora com 5 mandatos. O José Rodrigues, do Café, de 1971 a 1999, com 9 mandatos. O dr. Fernando Rodrigues Ribeiro, de 1965 a 1977, com 11 mandatos. O José Maria Patrício, desde 1999, com 3 mandatos. O António Lopes Machado, já com 3 mandatos. José António Oliveira Silva, com 5 mandatos, e muitos outros com três e quatro mandatos. E os últimos são os primeiros.
O dr. Octávio chegou a presidente da Assembleia Geral em 1975, depois de ter sido vice-presidente da mesma Assembleia durante cinco anos. Tem 16 mandatos e um rosário de decepções com alguns conterrâneos, que em vez de ajudarem a resolver os problemas ainda os complicam.
Quando as figuras gradas da nossa terra começaram a deixar o regionalismo varzeense, o dr. Octávio continuou firme no amor à sua terra e no apoio aos carolas que têm resistido.
Quando esta Comissão foi fundada, foram as pessoas mais bem colocadas em Lisboa como funcionários públicos, comerciantes, advogados, médicos, engenheiros e professores que arrastaram os trabalhadores do cais, do comércio e operários, para o regionalismo.
Foram eles que mostraram à colónia as carências das nossas aldeias.
O dr. Octávio é o único varzeense de prestígio que não nos abandonou e vemos na sua disponibilidade em nos acompanhar e nos aturar a manifestação da amizade que tem pela nossa terra e por nós.
Também merece uma palavra de amizade a sua dedicada esposa, Maria Luísa, que tem acompanhado também a nossa luta e vivido os nossos problemas.
Mesmo quando era uma das primeiras personalidades deste País, o dr. Octávio não deixou de se sentir bem ao nosso lado.
Não podíamos esquecer todo o percurso do dr. Octávio nesta Comissão, que começou há mais de 35 anos e por isso a direcção, ao assinalar os 75 anos, deseja testemunhar a sua amizade, com o mesmo carinho com que nos trata.
Uma pequena lembrança, a testemunhar o nosso reconhecimento, como penhor do nosso respeito e o muito obrigado pelo exemplo e estímulo que nos tem dado e por certo continuará a dar.
Obrigado dr. Octávio".
Por fim, José de Matos Cruz chamou a D. Bertilde Costa, dedicada colaboradora da Comissão e da Casa do Concelho de Góis, a que preside o varzeense José Dias Santos, para fazer a entrega da lembrança ao dr. Octávio, um gesto que foi muito aplaudido pelos presentes.
O dr. Octávio Dias Garcia disse que ficou surpreendido com aquele gesto, que agradecia pelo sentido de amizade de conterrâneos. Acrescentou que nunca foi vaidoso, embora cioso pela sua terra, pois sempre se considerou um homem da Várzea Pequena. Agradeceu e incitou aqueles que se têm dedicado à causa regionalista em defesa dos interesses de Vila Nova do Ceira, pois tal como sua mulher apreciam e desejam o prgresso da sua terra.
Seguidamente, Lurdes Alvarinhas, porta-voz do Grupo Musical, disse sentir-se satisfeita por virem actuar a Lisboa, naquela Casa do Concelho de Góis, prometendo actuar da melhor maneira que sabem, a todos agradecendo a boa compreensão. Seguiram-se as actuações, sempre muito aplaudidas, deixando uma boa impressão na numerosa assistência, dada a qualidade das intervenções. Entre os presentes havia a destacar a presença da prof.ª dr.ª Maria Beatriz Rocha-Trindade, uma estudiosa da história das migrações.
Seguiu-se um bom jantar regional, não faltando no fim as castanhas assadas, já que o propósito daquele encontro era um magusto.
Ao princípio da noite, a embaixada varzeense regressou a Vila Nova do Ceira, naturalmente contente com o êxito da deslocação, consciente que é preciso continuar, tendo como amparo a competência e saber do seu principal responsável, eng. Adriano Baeta Garcia.
António Lopes Machado
in A Comarca de Arganil, de 30/11/2006

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