INDEPENDENTE PELO PSD - Diamantino Garcia assume mudança em Góis

Assumidamente de “cepa” socialista, Diamantino Garcia não renega o seu passado, nem as suas convicções, mas impôs a si mesmo - e «com muita dor», sublinha – um “corte”, para se perfilar como candidato independente pelo PSD à Câmara de Góis. Trata-se de “Mudar por Góis”, como diz o slogan de campanha, que justifica o seu sentimento mais profundo, uma vez que também ele se viu “obrigado” a mudar, em nome de Góis.
Há oito anos na câmara, grande parte dos quais com as funções de vice-presidente, Diamantino Garcia não foge nem contorna as questões. Assume que sempre foi «um homem de esquerda», muito embora só se tenha filiado no PS quando entrou para a Câmara, mas sublinha que esta “mudança” «não tem a ver com partidos, mas com uma candidatura à Câmara». Ou seja, «o PS fez a sua opção de apoiar outro candidato» (Lurdes Castanheira), uma decisão relativamente à qual o vice-presidente da autarquia de Góis sempre se manifestou contra e que acabou por criar o espaço que deu lugar ao convite feito pelo PSD.
«A minha primeira reacção foi considerar que era contra-natura», mas «depois de falar com a família e com amigos, perguntei-me: porque não?». «O que está em causa é o melhor por e para Góis», sublinha e confessa sentir-se «orgulhoso» pelo convite que lhe foi feito pelo PSD, porque «independentemente de perceber que sou de “cepa” socialista, reconheceu em mim qualidades para levar por diante um projecto por Góis».
Diamantino Garcia não nega que tem sido apelidado dos mais variados nomes, desde «camaleão» a «vendido» - «nada que não estivesse à espera», diz - mas cada vez acredita mais que «a minha candidatura é muito mais coerente, pois o que está em causa é o melhor para Góis».
Quanto à equipa - «que me deixaram escolher», sublinha, elogiando a posição que o PSD tem assumido em todo o processo – o candidato independente que lidera a lista do PSD à Câmara de Góis diz que em causa está uma equipa em quem confia, heterogénea e que tem como pressuposto comum «a vontade de trabalhar e defender Góis». Na primeira linha desta escolha está Maria Helena Moniz, actual vereadora do executivo liderado por José Girão Vitorino, e, como número três, Victor Duarte, actual chefe de gabinete do presidente da autarquia.
«Somos três pessoas, de “cepa” socialista, que encabeçam, como independentes, uma lista apoiada pelo PSD», refere o candidato, enfatizando, mais uma vez, que acima de uma questão partidária está uma causa chamada concelho de Góis. E se estes nomes para a câmara já deram azo a «muitas especulações», a restante equipa promete “dar que falar”, no entender de Diamantino Garcia. Isto porque «há muitas pessoas, que toda a vida foram socialistas e fazem agora parte da nossa lista». O candidato lembra que o PS “é poder” em Góis há 30 anos e sempre foi claramente o partido maioritário no concelho. Razões de sobra para uma reflexão. «O PS deve fazer uma leitura de tudo isto», afirma, fazendo notar que não é de ânimo leve que as pessoas assumem uma mudança, a começar por si. «Há custos e alguma dor. Não é fácil para mim assumir uma candidatura diferente», confessa, justificando que a camisola que vestiu «não é partidária, mas de Góis».
Técnico superior da Direcção Regional da Agricultura e Pescas do Centro, Diamantino Garcia prepara-se para assumir, pela primeira vez, uma “batalha” eleitoral em nome próprio. Optimista e entusiasmado, apesar de todas as dificuldades, não deixa de considerar que «seja qual for votação nas urnas, a 11 de Outubro, em Góis, o resultado vai ser surpreendente!». A apresentação da equipa está marcada para hoje, às 17h00, no Parque do Castelo, em Góis.

Linhas mestras para
o futuro do concelho
Sobre as ideias programáticas que mobilizam o seu projecto, Diamantino Garcia não renega o passado, pelo contrário, afirma-se «orgulhoso de todo o trabalho estruturante que fizemos». Todavia, admite que há coisas que têm de “Mudar por Góis”, com reza o slogan que assumiu.
Preocupam-no algumas área em particular, a começar pelo emprego. Apesar da conjuntura de crise ainda não ter afectado muito o concelho, «em Góis não há desemprego, mas também não há emprego», afirma, esclarecendo que «criaram-se situações que mantêm as pessoas ocupadas», com cursos de formação, «que são importantes, mas não dão segurança às pessoas, não são o futuro». Por isso entende que «as poucas empresas que temos, têm de ser muito acarinhadas».
A questão social merece também particular atenção, uma vez que Góis possui uma vasta franja de população idosa e dispersa, «à qual temos de dar apoio». E defende uma «inversão de mentalidades». «Não gosto de ver pessoas na câmara à espera de ser atendidas por uma assistente social. A assistente social tem de ir para o terreno, tem de haver uma mudança radical na postura», assume.
Diamantino Garcia está ainda a pensar em criar um serviço «itinerante e multifacetado», que possa dar respostas diversificadas e um contributo significativo à melhoria da qualidade de vida da população idosa, garantindo desde a receita médica à mudança da lâmpada, por exemplo.
Como terceiro vector, Diamantino Garcia coloca a «sustentabilidade do concelho», uma vez que «tudo o que for feito tem de ser sustentável» e aponta, como exemplo, o sector do turismo, onde «temos muitas possibilidades, mas não podemos ser utópicos, o que fizermos tem de ser sustentável», enfatiza, fazendo notar que Góis não pode rivalizar com a Lousã ou com outros concelhos, antes tem de seguir «o seu próprio caminho e afirmar-se pela diferença».
in Diário de Coimbra, de 18/07/2009