segunda-feira, 22 de junho de 2009

Estevianas (Alvares)

Muitos assinantes do Jornal de Arganil (com quem tenho falado) quando à quinta-feira recebem o seu semanário regional, com muita curiosidade e ansiedade, procuram em todas as páginas alguma notícia sobre a sua aldeia ou alguma povoação limítrofe, se isso não acontece põem o jornal de parte e o resto da leitura fica para depois...
Isto também para dizer que a maior parte das notícias trazidas a público sejam críticas abonatórias ou informativas, são essencialmente dirigidas a pessoas conhecidas, com o intuito de expressar o seu desagrado reconhecimento ou informação, por um qualquer acontecimento de destaque.
A notícia que vou citar é uma pequena retrospectiva do que se tem passado em Estevianas, no que se concerne à Comissão de Melhoramentos, e é por isso que esta notícia é essencialmente dirigida aos Estevianenses.
A Comissão de Melhoramentos de Estevianas esteve inactiva durante 16 ou 17 anos sem corpos gerentes, sem sócios, e algum dinheiro abandonado no banco, porque o presidente da direcção na altura, resolveu abandonar a Comissão, ficando com toda a documentação em seu poder.
No dia 12 de Agosto de 2000 eu Manuel Henriques, por minha única iniciativa, e aproveitando as férias de Verão, convoquei uma reunião que teve lugar na Capela de Estevianas, incentivando os Estevianenses a reactivar a Comissão.
Foi de algum modo difícil motivar algumas pessoas a fazer parte do elenco e, como ninguém quis assumir a liderança foi meu dever assumi-la. Trabalhei com vontade, no sentido de concretizar alguns melhoramentos que os Estevianenses sonhavam há muitos anos. Logo após a reactivação da Comissão e reunião com o Sr. Girão Vitorino na altura presidente interino da Câmara, foi aberto um furo artesanal que resolveu o défice do abastecimento de água à povoação de Estevianas, e de seguida foram alcatroadas algumas artérias da povoação.
Os Estevianenses estavam unidos, e eu estava incentivado para fazer muito mais, e empenhei-me no tal sonho de décadas que era a construção da Casa de Convívio, para isso era necessário arranjar um terreno onde a Casa pudesse ser construída. Depois de alguns circundantes que eventualmente pudessem doar ou vender não fui bem sucedido e fiquei algo desmotivado. Quando olhando para um pequeno quintal cheio de silvas, e que ninguém imaginava que ali se pudesse construir uma casa, eu pensei que a localização era a melhor e que ocupando um pequeníssimo espaço do terreno que com ele confrontava isso seria possível. Entrei em contacto com a dona do terreno, MARIA HELENA HENRIQUES VENTURA, que foi de uma amabilidade extrema, além de ceder o terreno, prontificou-se para ajudar na sua legalização se algo fosse necessário, o que era e foi de facto muito difícil, mas com reuniões constantes com a autarquia, com o notariado, com assembleias-gerais extraordinárias, e com a colaboração de pessoas amigas, foi possível ultrapassar muitas burocracias, e por fim fazer a escritura.
A seguir foi preciso arranjar um projecto e obter licença para dar início à obra, o que também foi muito difícil, mas com deslocações constantes à Câmara, com várias deslocações ao Ministério do Ambiente em Coimbra, e com a colaboração e amizade de pessoas amigas, em especial do Eng. Ricardo que fez e ofereceu o projecto à Comissão, deslocando-se por conta própria várias vezes a Góis para resolver determinadas burocracias, conseguiu-se ter tudo em ordem para dar início à obra.
Depois de ter trabalhado muito e ter a consciência que o objectivo traçado era irreversível, resolvi com a devida antecedência, manifestar que no final do meu mandato deixaria de liderar a comissão, mas permaneceria noutro lugar da direcção para ajudar naquilo que fosse necessário. Em Janeiro de 2003 na eleição para o mandato do ano em curso, contra a vontade dos Estevianenses deixei de liderar a Comissão ficando a ocupar o lugar de vogal da direcção como tinha prometido. Também quero dizer que até aqui tive um grande apoio de incentivo de todos os Estevianenses, o que não posso deixar de registar.
E é aqui com a minha saída de presidente da direcção mas ainda como vogal que começam as obras da construção da Casa, a após a conclusão os problemas.
Inaugurou-se a casa no dia 22 de Maio de 2004 à qual eu ia assistir com muito orgulho por o feito alcançado, mas quando me dirigia para a mesa da direcção da qual eu fazia parte, e daí agradecer a todas as entidades que me ajudaram a que aquela casa fosse um êxito, simplesmente o impensável aconteceu, foi-me negado lugar na mesa da direcção, motivo que ainda hoje estou à espera de uma explicação, o que me levou a abandonar a cerimónia.
A partir desta data a Casa passou a ser explorada como sendo a tasca da aldeia, o que eu discordei discordo e continuarei a protestar, porque não foi para isso que a Casa foi concebida. Uma Casa de convívio serve para os sócios da colectividade se recrearem nas horas de lazer, e o bar é um complemento para os sócios eventualmente tomarem uma bebida, quando se juntam nas suas actividades de trabalho ou recreativas. As várias direcções que me sucederam talvez por falta de alternativa, têm permitido e protegido quem afincadamente utiliza a Casa de Convívio como uma tasca, não olhando a meios éticos e materiais.
Enaltecem e homenageiam pessoas que nada de destaque fizeram em Estevianas, esquecendo homens alguns já falecidos, que foram pioneiros de vários melhoramentos, e que contribuíram para a cultura e desenvolvimento da aldeia. Ao fazer esta descrição não estou a pensar que eu devesse ser homenageado, isso eu não quero nem mereço, mas, não ficaria nada mal se os Estevianenses reconhecessem o meu trabalho.
Por mim satisfaz-me o orgulho de ter contribuído para que muitos Estevianenses se sintam melhor na sua terra.
Manuel Henriques
in Jornal de Arganil, de 11/06/2009

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