“Tradições do Xisto” revitaliza aldeias do concelho de Góis

O município de Góis e a Lousitania - Liga dos Amigos da Serra da Lousa, desenvolveram o projecto “Tradições do Xisto” que contemplará as quatro aldeias de xisto do concelho, Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena. A apresentação teve lugar na Aigra Nova e o projecto contempla diversas vertentes, como a criação de Núcleo Vivo das Aldeias do Xisto, Ecomuseu das Aldeias do Xisto e da Serra da Lousa e um Museu das Tradições do Xisto, constituído por vinte núcleos interpretativos espalhados pelas quatro aldeias, como por exemplo, um cabril, um forno e alambique comunitários, núcleo de fósseis marinhos, adega e lagar do vinho, entre muitos outros.
Em todas as aldeias existirão núcleos de hortas tradicionais e soutos centenários, em Aigra Nova existirá uma reserva de burros para passeios turísticos, e em Aigra Velha, um parque de campismo rural. Os turistas poderão visitar estes núcleos autonomamente , guiados por monitores da Lousitania ou pelos próprios habitantes locais.
O objectivo deste projecto, que acaba por ser uma continuidade do programa da Rede das Aldeias do Xisto, «é atrair os próprios habitantes das povoações ou novos habitantes para ai encontrarem perspectivas de futuro e rentabilizar o investimento que tem sido feito de há uns anos para cá», elucidou Paulo Silva. O presidente da Lousitania referiu ainda que, caso o projecto seja aprovado, já conta com dois elementos para trabalhar, Catarina Claro, oriunda de Aigra Velha, que «só não volta para a sua terra de origem, porque não encontra trabalho», e Jorge Lucas, «um jovem que quer largar a cidade e vir viver para Góis», revelou.
O dia da apresentação do projecto contou com a realização de ateliers de animação, visita a um cabril - onde foi votada a cabra mais robusta e a cabra mais amigável - degustação do mel das aldeias, e visita à maternidade das árvores, onde alguns dos presentes tiveram oportunidade de semear azevinho, entre outras espécies.
Foi ainda divulgado o vídeo, “Núcleo vivo das Aldeias do Xisto”, que regista, de acordo com Paulo Silva, «o trabalho que tem sido feito nas aldeias ao longo destes seis anos», contendo testemunhos de algumas pessoas residentes nestas quatro aldeias ou que directa ou indirectamente a elas se encontram relacionadas.

“Orgulho no que é nosso”
Após ter vivenciado alguns dos ateliers apresentados, Diamantino Garcia sublinhou que « que vimos foi o que temos de mais profundo da nossa cultura e que nos diz muito a nós todos», sustentando que «sou daqueles que defendem que a cultura não é só livresca». O vice-presidente da Câmara Municipal de Góis deixou ainda um agradecimento «muito especial» aos habitantes das quatro aldeias, pois, no seu entender «sem eles não seria possível realizar todos estes projectos». Agradeceu também aos técnicos da autarquia e, naturalmente, à Lousitanea, «a nossa parceria que nos tem ajudado e que tem sido o coração destas aldeias».
O edil lamentou apenas «que no nosso concelho ainda haja gente que desconhece as aldeias do xisto», por isso, afirmou, «o passo seguinte é que os goienses passem a ter orgulho naquilo que é nosso».
Em representação da ADXTUR, Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, Rui Simão, considerou que o projecto apresentado «vai ao encontro daquilo que é a entidade que norteia o projecto aldeias do xisto», relembrando tratar-se de um projecto que «incide num território que tem características únicas, em termos de cultura, tradições e aspectos arquitectónicos e paisagísticos».
Por último, em representação das Aldeias do Xisto do Concelho de Góis, usou da palavra André Claro, que se regozijou pelo facto de «quase todos os dias vermos por cá visitantes novos», lamentando, porém, à semelhança de Diamantino Garcia, «que ainda não aprendemos a gostar do que é nosso».
Um brinde com licor de mel e com licor de castanha, conjuntamente com a degustação de uma bola de chouriço e pão acabadinhos de fazer, encerraram aquela jornada que teve como fim a apresentação do projecto “Tradições de Xisto”.
in Diário de Coimbra, de 20/05/2009