Fórum sobre Igualdade de Género assinalou Dia da Mulher em Góis
“Não somos melhores nem piores, somos iguais. Melhor é a nossa causa”, foi esta expressão de Thiago de Mello que serviu de mote para o fórum interactivo promovido no domingo pela ADIBER, Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra, em Góis, com o objectivo de comemorar o Dia Internacional da Mulher. Subordinado ao tema “Igualdade de Género no Portugal Recente”, este fórum, que teve lugar no auditório da ADIBER, contou com a sala cheia, e teve como oradores Fernando Gomes e Mónica Fernandes, em representação da Associação Saúde em Português, Francisco Rolo e Raquel Silva, técnicos da ADIBER, e ainda Eunice Saraiva, enquanto moderadora.
O que se pretendeu, segundo a ADIBER, foi “criar um espaço aberto de diálogo e reflexão sobre os caminhos e as conquistas na igualdade entre mulheres e homens”, uma vez que “a promoção da igualdade de oportunidades constitui um eixo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e, simultaneamente, mais democrata”. “Em Portugal, diferentes organizações têm trabalhado, directamente, em prol da defesa do direito à igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, mas também no combate a todas as formas de discriminação”, lia-se num folheto distribuído a todas as mulheres presentes, que tiveram direito a receber ainda uma rosa, e a confraternizar no final com um chá.
Contudo, “apesar de alguns avanços consideráveis em termos de igualdade através de constantes alterações legislativas ainda são visíveis muitas desigualdades entre mulheres e homens na Europa”, referiu a ADIBER, realçando que, com o intuito de suprir essas desigualdades, a Comissão Europeia fixou novos objectivos no Roteiro para a Igualdade, definido para 2006-2010, identificando seis áreas prioritárias de intervenção, nomeadamente a igualdade económica para homens e mulheres; conciliação da vida privada e profissional; representação igual na tomada de decisões; erradicação de qualquer forma de violência; eliminação de estereótipos; promoção da igualdade nas políticas externas e de desenvolvimento.
Coube a Raquel Silva começar por abordar a questão da igualdade de género, realçando que “em Portugal tem-se trabalhado na promoção da igualdade entre homens e mulheres”, uma vez que a própria República Portuguesa tem um princípio que “diz-nos que todos os cidadãos têm a mesma dignidade social”. No entanto, “existe uma diferença entre o que a lei prevê e o que se constata”, defendeu a técnica da ADIBER, contando que se tem desenvolvido um trabalho jurídico em quatro áreas de intervenção, que passam pela família, trabalho e emprego, violência doméstica e vida política. Neste âmbito, o que se pretende é que as mulheres tenham igualdade de oportunidades, em relação aos homens, em todos estes sectores.
Já Francisco Rolo, sociólogo e técnico da ADIBER, constatou que “a luta implícita entre géneros melhorou”, advogando no entanto que “importa fazer mais e melhor, e medir resultados”. “Melhorar os resultados para a promoção da igualdade é uma questão que deve comprometer toda a comunidade”, continuou, revelando que “fui educado por quatro mulheres e aprendi a olhá-los, a eles e a elas, em conjunto, e não em separado”. Nesta ocasião, o sociólogo explicou em que consiste o conceito de igualdade de género, referindo que se trata “do modo como as sociedades olham e pensam as pessoas do sexo masculino e feminino”.
“De um homem exige-se que produza, pense e represente, de uma mulher, que reproduza, seduza e cuide”, disse Francisco Rolo, destacando que este pensamento fez com que surgisse a submissão de papéis e, consequentemente, que “as mulheres tenham menos autonomia económica e menos tempo para si, e os homens tenham menos autonomia pessoal, menos competências relacionais e influência mais limitada no acompanhamento dos filhos”.
Baseando-se no livro “Proíbido”, que retrata Portugal antes do 25 de Abril de 1974, o técnico da ADIBER recordou algumas das regras às quais as mulheres eram submetidas, sendo proíbido, a título de exemplo, “as senhoras usarem biquini, uma mulher entrar na igreja de cabeça descoberta, ir de mini-saia para o liceu, uma mulher casada viajar para o estrangeiro, casar com uma professora ou hospedeira, e era também proíbido o divórcio”. “Este era o estado da arte de igualdade de género”, esclareceu Francisco Rolo, congratulando-se pelo “salto fantástico que demos entre este país e aquilo que temos hoje”.
Dando a conhecer que a União Europeia tem um roteiro para a Igualdade, o sociólogo realçou que um dos seus objectivos é “facilitar o acesso da mulher ao mercado de trabalho”, até porque “uma em cada dez mulheres recebe o ordenado mínimo nacional”, revelou. Outro dos intuitos deste roteiro é “estimular que cargos superiores sejam ocupados por mulheres”, acrescentou, afirmando que “irradicar a forma de violência” é também uma das apostas deste projecto, já que se verifica ainda a expressão popular “entre marido e mulher não s a colher”. “A denúncia deve ser responsabilidade de toda a comunidade”, apelou.
De acordo com Francisco Rolo, a possibilidade de poder fazer a Interrupção Voluntária da Gravidez foi uma das medidas adoptadas em Portugal que permitiu “pôr fim à discriminação da mulher”, recordando que outro dos assuntos que em breve vai ser discutido, e que contribuirá para a igualdade e abolição da discriminação, é “o casamento entre pessoas do mesmo sexo”.
Em representação da Associação Saúde em Português, Fernando Gomes disse que “a igualdade de género tem implicações em todos os momentos da vida”, esclarecendo que na Associação “tentamos criar às mulheres condições de autonomia, e aos homens ensinamos a cozinhar e a cuidar da casa”. Destacando que quando as pessoas ficam sós “as mulheres têm vantagem”, Fernando Gomes considerou que, tendo em conta que “há 80 milhões de euros para gastar em igualdade de género em Portugal”, é necessário “criar espaços onde as pessoas possam falar destes assuntos de forma aberta, e é bom que estejam homens e mulheres”. “Outra ideia importante é a questão da violência no namoro”, explicou, alertando que “é tempo de pararmos a violência logo nessa fase”.
Refira-se que dando continuidade ao trabalho que a ADIBER tem vindo a desenvolver no âmbito da Igualdade de Género, foi apresentada recentemente junto da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género uma candidatura que foi aprovada, e cuja intervenção se encontra a decorrer através do projecto “Expandir Oportunidades”. Este projecto vai decorrer pelo período de 28 meses, até Março de 2011, e tem como principais objectivos mobilizar a sociedade civil para uma participação mais activa e responsável; reforçar a importância da temática da Igualdade de Oportunidades no contexto da implementação de uma estratégia de Desenvolvimento Local no território; promover o empreendedorismo feminino; promover a Maternidade e Paternidade responsável; educar e sensibilizar a escola e comunidade escolar para a importância da Igualdade de Oportunidades.
in www.rcarganil.com
O que se pretendeu, segundo a ADIBER, foi “criar um espaço aberto de diálogo e reflexão sobre os caminhos e as conquistas na igualdade entre mulheres e homens”, uma vez que “a promoção da igualdade de oportunidades constitui um eixo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e, simultaneamente, mais democrata”. “Em Portugal, diferentes organizações têm trabalhado, directamente, em prol da defesa do direito à igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, mas também no combate a todas as formas de discriminação”, lia-se num folheto distribuído a todas as mulheres presentes, que tiveram direito a receber ainda uma rosa, e a confraternizar no final com um chá.
Contudo, “apesar de alguns avanços consideráveis em termos de igualdade através de constantes alterações legislativas ainda são visíveis muitas desigualdades entre mulheres e homens na Europa”, referiu a ADIBER, realçando que, com o intuito de suprir essas desigualdades, a Comissão Europeia fixou novos objectivos no Roteiro para a Igualdade, definido para 2006-2010, identificando seis áreas prioritárias de intervenção, nomeadamente a igualdade económica para homens e mulheres; conciliação da vida privada e profissional; representação igual na tomada de decisões; erradicação de qualquer forma de violência; eliminação de estereótipos; promoção da igualdade nas políticas externas e de desenvolvimento.
Coube a Raquel Silva começar por abordar a questão da igualdade de género, realçando que “em Portugal tem-se trabalhado na promoção da igualdade entre homens e mulheres”, uma vez que a própria República Portuguesa tem um princípio que “diz-nos que todos os cidadãos têm a mesma dignidade social”. No entanto, “existe uma diferença entre o que a lei prevê e o que se constata”, defendeu a técnica da ADIBER, contando que se tem desenvolvido um trabalho jurídico em quatro áreas de intervenção, que passam pela família, trabalho e emprego, violência doméstica e vida política. Neste âmbito, o que se pretende é que as mulheres tenham igualdade de oportunidades, em relação aos homens, em todos estes sectores.
Já Francisco Rolo, sociólogo e técnico da ADIBER, constatou que “a luta implícita entre géneros melhorou”, advogando no entanto que “importa fazer mais e melhor, e medir resultados”. “Melhorar os resultados para a promoção da igualdade é uma questão que deve comprometer toda a comunidade”, continuou, revelando que “fui educado por quatro mulheres e aprendi a olhá-los, a eles e a elas, em conjunto, e não em separado”. Nesta ocasião, o sociólogo explicou em que consiste o conceito de igualdade de género, referindo que se trata “do modo como as sociedades olham e pensam as pessoas do sexo masculino e feminino”.
“De um homem exige-se que produza, pense e represente, de uma mulher, que reproduza, seduza e cuide”, disse Francisco Rolo, destacando que este pensamento fez com que surgisse a submissão de papéis e, consequentemente, que “as mulheres tenham menos autonomia económica e menos tempo para si, e os homens tenham menos autonomia pessoal, menos competências relacionais e influência mais limitada no acompanhamento dos filhos”.
Baseando-se no livro “Proíbido”, que retrata Portugal antes do 25 de Abril de 1974, o técnico da ADIBER recordou algumas das regras às quais as mulheres eram submetidas, sendo proíbido, a título de exemplo, “as senhoras usarem biquini, uma mulher entrar na igreja de cabeça descoberta, ir de mini-saia para o liceu, uma mulher casada viajar para o estrangeiro, casar com uma professora ou hospedeira, e era também proíbido o divórcio”. “Este era o estado da arte de igualdade de género”, esclareceu Francisco Rolo, congratulando-se pelo “salto fantástico que demos entre este país e aquilo que temos hoje”.
Dando a conhecer que a União Europeia tem um roteiro para a Igualdade, o sociólogo realçou que um dos seus objectivos é “facilitar o acesso da mulher ao mercado de trabalho”, até porque “uma em cada dez mulheres recebe o ordenado mínimo nacional”, revelou. Outro dos intuitos deste roteiro é “estimular que cargos superiores sejam ocupados por mulheres”, acrescentou, afirmando que “irradicar a forma de violência” é também uma das apostas deste projecto, já que se verifica ainda a expressão popular “entre marido e mulher não s a colher”. “A denúncia deve ser responsabilidade de toda a comunidade”, apelou.
De acordo com Francisco Rolo, a possibilidade de poder fazer a Interrupção Voluntária da Gravidez foi uma das medidas adoptadas em Portugal que permitiu “pôr fim à discriminação da mulher”, recordando que outro dos assuntos que em breve vai ser discutido, e que contribuirá para a igualdade e abolição da discriminação, é “o casamento entre pessoas do mesmo sexo”.
Em representação da Associação Saúde em Português, Fernando Gomes disse que “a igualdade de género tem implicações em todos os momentos da vida”, esclarecendo que na Associação “tentamos criar às mulheres condições de autonomia, e aos homens ensinamos a cozinhar e a cuidar da casa”. Destacando que quando as pessoas ficam sós “as mulheres têm vantagem”, Fernando Gomes considerou que, tendo em conta que “há 80 milhões de euros para gastar em igualdade de género em Portugal”, é necessário “criar espaços onde as pessoas possam falar destes assuntos de forma aberta, e é bom que estejam homens e mulheres”. “Outra ideia importante é a questão da violência no namoro”, explicou, alertando que “é tempo de pararmos a violência logo nessa fase”.
Refira-se que dando continuidade ao trabalho que a ADIBER tem vindo a desenvolver no âmbito da Igualdade de Género, foi apresentada recentemente junto da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género uma candidatura que foi aprovada, e cuja intervenção se encontra a decorrer através do projecto “Expandir Oportunidades”. Este projecto vai decorrer pelo período de 28 meses, até Março de 2011, e tem como principais objectivos mobilizar a sociedade civil para uma participação mais activa e responsável; reforçar a importância da temática da Igualdade de Oportunidades no contexto da implementação de uma estratégia de Desenvolvimento Local no território; promover o empreendedorismo feminino; promover a Maternidade e Paternidade responsável; educar e sensibilizar a escola e comunidade escolar para a importância da Igualdade de Oportunidades.
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