Espertinhos camarários

A revista Sábado, de 26 de Março a 1 de Abril de 2009, publica uma reportagem sobre a prevaricação dos funcionários nas autarquias. Dentre os quatro casos apresentados, como exemplos de pequenas e grandes falcatruas em Câmaras Municipais (como na de Lisboa e do Porto), a jornalista aponta um caso na Câmara Municipal de Góis, que a seguir se transcreve.


(...) Luís Sousa, autor do livro A Corrupção e os portugueses. Atitudes, práticas e valores, defende que a permissividade das Câmaras é um problema estrutural que começa no topo das hierarquias: "Por serem geralmente muito pesadas e mal organizadas, as autarquias são propensas a este tipo de crimes."
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Em Góis, o presidente socialista José Girão Vitorino teve mais sorte. Depois de 50 mil euros terem saído indevidamente dos cofres da autarquia, recuperou-os. Carlos Cabaço, engenheiro camarário, deu por concluída a empreitada de uma estrada que ligava as aldeias de Aigra Velha e Aigra Nova. Uma obra simples, mas não tão simples: a estrada não chegou sequer a ser construída, mas o município pagou atempadamente os 50 mil euros que a empresa Terserra lhe cobrou. O buraco só foi identificado pela autarquia num momento em que a construtora civil já abrira falência e os donos partido para parte incerta.
Carlos cabaço, acusado de ter lesado a instituição, acabou por devolver o dinheiro à autarquia, onde ainda hoje mantém as funções. Mário Garcia, director de Recursos Humanos da Câmara, confirma a tese de Luís Sousa: "Foi um percalço". O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária.