O Regionalismo não é uma causa perdida
O título desta crónica ouvi e vivi no passado sábado, na Casa do Concelho de Góis, que foi pequena para receber os colmealenses que ali acorreram para um Encontro entre os de lá e os de cá.
Nunca vi aquela Casa tão cheia, sem um pequenino espaço livre para nos movimentarmos.
A Casa do Concelho de Góis tem estado a comemorar o 80.º aniversário do Regionalismo Goiense, partindo da fundação da Sociedade de Melhoramentos da Roda Cimeira, da freguesia de Alvares, que tem no seu passado uma acção muito frutuosa no movimento regionalista da nossa região serrana. Com uma colaboração dinâmica do seu Conselho Regional, que naquela Casa sempre teve uma função importante, que tão bem lhe começou a dar o saudoso Prof. Baeta Neves, entendeu-se que esta comemoração devia ter as cerimónias respectivas por cada uma das freguesias do concelho. A iniciativa não teve uma colaboração unânime, já que nestas coisas tem sempre que haver quem trabalhe e se empenhe. A freguesia de Alvares já ali teve a sua festa comemorativa em 15 de Novembro passado. Neste último sábado foi a do Colmeal. E se é verdade que a freguesia do Colmeal é uma freguesia muito desertificada, com pouca gente a residir ali permanentemente, embora haja lá bem melhores condições de vida do que há 80 anos, embora continuem a haver carências e dificuldades incompatíveis com os tempos actuais, as pessoas compareceram e juntaram algumas boas centenas. Muita gente que veio de lá, em dois autocarros e alguns automóveis, a que se juntaram os que aqui vivem, que foram a maior parte.
Foi um encontro muito significativo, um exemplo do que é este fenómeno do nosso Movimento Regionalista, criado no concelho de Góis há oitenta anos. «Com um pé cá e outro lá», «segundo alguns estudiosos do assunto, o Regionalismo é um fenómeno associativo singular, devido à intenção expressa de fazer melhoramentos e ao facto de emergir fora do contexto para onde se dirige a sua acção, isto é, na cidade para intervir nas aldeias» - como escreveu a dr.ª Lisete de Matos, que é presidente da Assembleia de Freguesia do Colmeal e uma estudiosa muito atenta deste fenómeno do Regionalismo, na nota de abertura do «Memorial», ali agora apresentado sobre os diversos elencos directivos que teve a União Progressiva da Freguesia do Colmeal durante a sua já longa existência.
A freguesia do Colmeal sempre teve gente muito dedicada ao Movimento Regionalista e à sua União Progressiva, que tem tido alguns períodos menos activos, tem tido ultimamente um dinamismo considerável, inclusivamente na sua função cultural que as colectividades regionalistas devem ter graças ao seu actual presidente da direcção, dr. António Domingos dos Santos e à equipa que soube formar. O que é um bom exemplo do que o Regionalismo, designadamente na freguesia do Colmeal, continua hoje a ser uma realidade presente nas aldeias serranas, já que os seus filhos geralmente simples e modestos, assim o querem.
Houve sempre colmealenses que gostavam de estudar e escrever, de se cultivar, de fazer artesanato e pintura de valor, como Fernando Costa e Josefina de Almeida. Este Encontro na Casa do Concelho de Góis deu-nos bem uma imagem disso. Nota-se um forte desejo de cultura, que a União Progressiva tem estado a incentivar, desejosa de o projectar para o futuro.
Ciosos dos seus valores e daquilo que são capazes de fazer, foi valioso aquilo que trouxeram e aqui apresentaram, inclusivamente as suas músicas e o seu folclore.
Foram algumas horas a vermos e ouvirmos imagens e palavras, discursos e mensagens de quem gosta de dizer o que sabe e que gosta que os outros saibam, num movimento colectivo que é dinamizador, capaz de impulsionar as novas gerações, dizendo-lhes e mostrando-lhes de que esta é também uma maneira de contribuir para um Portugal melhor, mais rico e mais moderno.
E o poder local vai reconhecendo esse esforço e esse desejo. A Câmara e a Assembleia Municipal, a Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia estavam lá representadas. É encorajador e revela apreço, incentivador para continuar.
António Lopes Machado
in A Comarca de Arganil, de 4/02/2009
Nunca vi aquela Casa tão cheia, sem um pequenino espaço livre para nos movimentarmos.
A Casa do Concelho de Góis tem estado a comemorar o 80.º aniversário do Regionalismo Goiense, partindo da fundação da Sociedade de Melhoramentos da Roda Cimeira, da freguesia de Alvares, que tem no seu passado uma acção muito frutuosa no movimento regionalista da nossa região serrana. Com uma colaboração dinâmica do seu Conselho Regional, que naquela Casa sempre teve uma função importante, que tão bem lhe começou a dar o saudoso Prof. Baeta Neves, entendeu-se que esta comemoração devia ter as cerimónias respectivas por cada uma das freguesias do concelho. A iniciativa não teve uma colaboração unânime, já que nestas coisas tem sempre que haver quem trabalhe e se empenhe. A freguesia de Alvares já ali teve a sua festa comemorativa em 15 de Novembro passado. Neste último sábado foi a do Colmeal. E se é verdade que a freguesia do Colmeal é uma freguesia muito desertificada, com pouca gente a residir ali permanentemente, embora haja lá bem melhores condições de vida do que há 80 anos, embora continuem a haver carências e dificuldades incompatíveis com os tempos actuais, as pessoas compareceram e juntaram algumas boas centenas. Muita gente que veio de lá, em dois autocarros e alguns automóveis, a que se juntaram os que aqui vivem, que foram a maior parte.
Foi um encontro muito significativo, um exemplo do que é este fenómeno do nosso Movimento Regionalista, criado no concelho de Góis há oitenta anos. «Com um pé cá e outro lá», «segundo alguns estudiosos do assunto, o Regionalismo é um fenómeno associativo singular, devido à intenção expressa de fazer melhoramentos e ao facto de emergir fora do contexto para onde se dirige a sua acção, isto é, na cidade para intervir nas aldeias» - como escreveu a dr.ª Lisete de Matos, que é presidente da Assembleia de Freguesia do Colmeal e uma estudiosa muito atenta deste fenómeno do Regionalismo, na nota de abertura do «Memorial», ali agora apresentado sobre os diversos elencos directivos que teve a União Progressiva da Freguesia do Colmeal durante a sua já longa existência.
A freguesia do Colmeal sempre teve gente muito dedicada ao Movimento Regionalista e à sua União Progressiva, que tem tido alguns períodos menos activos, tem tido ultimamente um dinamismo considerável, inclusivamente na sua função cultural que as colectividades regionalistas devem ter graças ao seu actual presidente da direcção, dr. António Domingos dos Santos e à equipa que soube formar. O que é um bom exemplo do que o Regionalismo, designadamente na freguesia do Colmeal, continua hoje a ser uma realidade presente nas aldeias serranas, já que os seus filhos geralmente simples e modestos, assim o querem.
Houve sempre colmealenses que gostavam de estudar e escrever, de se cultivar, de fazer artesanato e pintura de valor, como Fernando Costa e Josefina de Almeida. Este Encontro na Casa do Concelho de Góis deu-nos bem uma imagem disso. Nota-se um forte desejo de cultura, que a União Progressiva tem estado a incentivar, desejosa de o projectar para o futuro.
Ciosos dos seus valores e daquilo que são capazes de fazer, foi valioso aquilo que trouxeram e aqui apresentaram, inclusivamente as suas músicas e o seu folclore.
Foram algumas horas a vermos e ouvirmos imagens e palavras, discursos e mensagens de quem gosta de dizer o que sabe e que gosta que os outros saibam, num movimento colectivo que é dinamizador, capaz de impulsionar as novas gerações, dizendo-lhes e mostrando-lhes de que esta é também uma maneira de contribuir para um Portugal melhor, mais rico e mais moderno.
E o poder local vai reconhecendo esse esforço e esse desejo. A Câmara e a Assembleia Municipal, a Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia estavam lá representadas. É encorajador e revela apreço, incentivador para continuar.
António Lopes Machado
in A Comarca de Arganil, de 4/02/2009
Etiquetas: colmeal, regionalismo
3 Comments:
O que gostei mais ouvir neste evento, sem dúvida muito bem organizado pelas colectividades da Freguesia do Colmeal, foi o o discurso do senhor Presidente da Junta de Freguesia, na sessão de abertura, onde disse "....este ano estão a morrer menos pessoas do que no ano passado, o ano passado, nasceram mais crianças do que o número habital, por isso a Freguesia vai resistindo.....
Concluimos, dizendo que a acção altamente meritória desta Junta está a inverter no Colmeal a tendência para a desertificação da Freguesia e isso vê-se, só não vê quem não quer..
Vamos elege-los de novo...., porque merecem...
Ele há cada brincalhão?!!!
Foi tal a competência que parece que também volta para o PSD donde já tinham vindo.
Como não ganhavam no PSD, passaram-se para o PS, mas agora voltam à origem pensando que voltam a ter o tacho garantido e para isso vão distribuindo benesses pelos amigos.
Isto é que são convicções políticas.
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