Chã de Alvares - A boa tradição das Janeiras
No primeiro ou segundo sábado de Janeiro de cada ano manda a tradição que se cantem as Janeiras em Chã de Alvares. É uma festa dinamizada pela Liga de Melhoramentos, mas é sempre uma festa de toda a aldeia.
Assim, no passado dia 10 de Janeiro, numa aldeia que não terá mais de 60 habitantes permanentes, juntaram-se cerca de 120 pessoas, que tiveram, graças às Janeiras, mais um motivo para se deslocarem à terra onde nasceram ou onde os seus pais viveram até rumarem a outras paragens, normalmente Lisboa, à procura de melhor vida nos tempos de grandes carências.
A acompanhar o cantar das Janeiras de porta em porta, os indispensáveis tocadores de concertina, com o Marcelo, o Carlos e o Chico no comando, acompanhados pela jovem Sónia, garantia de futuro para as concertinas, enquanto na cozinha, a comissão nomeada para a preparação do jantar tratava do cozido à portuguesa que encheu os estômagos de quem quis aparecer. É justo referir a excelente organização do jantar, dando os parabéns à respectiva comissão, onde imperaram a Alice, mulher dos 7 ofícios, e a Angélica, esta membro de uma família alemã que escolheu Chã de Alvares para viver, hoje perfeitamente integrada na família chãsense, razão para escrevermos o seu nome em português. É um exemplo a seguir para termos uma verdadeira União Europeia.
Dos convidados, não podemos deixar de destacar a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Góis, Eng. Diamantino Garcia, o Presidente da Junta de Freguesia de Alvares, Dr. Vítor Duarte, e a representação da ADIBER, constituída pela Dr.ª Maria de Lurdes Castanheira e o Dr. Miguel Ventura.
O futuro desta tradição parece-nos assegurado, não só em Chã de Alvares, onde as crianças já participam, mas também em todo o país, onde as Janeiras anualmente se vão cantando com a participação das várias povoações a aumentar de ano para ano.
Também nos faz voltar ao passado, ao tempo em que vivíamos na aldeia, sendo que, nessa altura, quem cantava as Janeiras de porta em porta eram os jovens estudantes da instrução primária no dia 31 de Dezembro, entrando no Ano Novo a comer a refeição que depois confeccionavam, com os produtos resultantes do peditório. Ora esse, era o dia de comemoração dos anos de uma das minhas irmãs e eu fui sempre obrigado a ficar em casa até que, uma vez, a minha avó determinou que eu me juntaria aos meus companheiros de escola e de brincadeira, cedendo a sua casa para que fizéssemos o jantar (em frente da casa dos meus pais e assim com o controlo facilitado). Lembro também que nos tinham dado poucas couves, o que foi fácil para mim resolver «roubando» as necessárias no quintal da casa onde nasci, foi só atravessar a rua. Acreditem: até hoje, nunca comi uma sopa que me soubesse tão bem!
António Gomes Marques
in O Varzeense, de 30/01/2009
Assim, no passado dia 10 de Janeiro, numa aldeia que não terá mais de 60 habitantes permanentes, juntaram-se cerca de 120 pessoas, que tiveram, graças às Janeiras, mais um motivo para se deslocarem à terra onde nasceram ou onde os seus pais viveram até rumarem a outras paragens, normalmente Lisboa, à procura de melhor vida nos tempos de grandes carências.
A acompanhar o cantar das Janeiras de porta em porta, os indispensáveis tocadores de concertina, com o Marcelo, o Carlos e o Chico no comando, acompanhados pela jovem Sónia, garantia de futuro para as concertinas, enquanto na cozinha, a comissão nomeada para a preparação do jantar tratava do cozido à portuguesa que encheu os estômagos de quem quis aparecer. É justo referir a excelente organização do jantar, dando os parabéns à respectiva comissão, onde imperaram a Alice, mulher dos 7 ofícios, e a Angélica, esta membro de uma família alemã que escolheu Chã de Alvares para viver, hoje perfeitamente integrada na família chãsense, razão para escrevermos o seu nome em português. É um exemplo a seguir para termos uma verdadeira União Europeia.
Dos convidados, não podemos deixar de destacar a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Góis, Eng. Diamantino Garcia, o Presidente da Junta de Freguesia de Alvares, Dr. Vítor Duarte, e a representação da ADIBER, constituída pela Dr.ª Maria de Lurdes Castanheira e o Dr. Miguel Ventura.
O futuro desta tradição parece-nos assegurado, não só em Chã de Alvares, onde as crianças já participam, mas também em todo o país, onde as Janeiras anualmente se vão cantando com a participação das várias povoações a aumentar de ano para ano.
Também nos faz voltar ao passado, ao tempo em que vivíamos na aldeia, sendo que, nessa altura, quem cantava as Janeiras de porta em porta eram os jovens estudantes da instrução primária no dia 31 de Dezembro, entrando no Ano Novo a comer a refeição que depois confeccionavam, com os produtos resultantes do peditório. Ora esse, era o dia de comemoração dos anos de uma das minhas irmãs e eu fui sempre obrigado a ficar em casa até que, uma vez, a minha avó determinou que eu me juntaria aos meus companheiros de escola e de brincadeira, cedendo a sua casa para que fizéssemos o jantar (em frente da casa dos meus pais e assim com o controlo facilitado). Lembro também que nos tinham dado poucas couves, o que foi fácil para mim resolver «roubando» as necessárias no quintal da casa onde nasci, foi só atravessar a rua. Acreditem: até hoje, nunca comi uma sopa que me soubesse tão bem!
António Gomes Marques
in O Varzeense, de 30/01/2009
Etiquetas: chã de alvares
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