domingo, 17 de agosto de 2008

Mesmo com chuva, "Tá-se bem em Góis”

Enquanto uns chegavam ainda, outros, os menos corajosos, já estavam de partida, afastados pela chuva que, por várias vezes, caiu com intensidade sobre a vila de Góis, onde decorre até hoje a XV Concentração Mototurística. Com efeito, o mau tempo sentiu-se, durante toda a manhã e princípio da tarde de ontem. Afastou alguns, mas manteve firmes a maior parte dos motards. Afinal, a maioria deles fez muitos quilómetros de estrada para participar naquela que é a segunda maior concentração do país.
O negócio estava, por isso, bom para os comerciantes. É que com mau tempo, poucos foram aqueles que se aventuraram a andar de moto pelas ruas da vila, como, de resto, é habitual. Preferiram antes abancar num café e fazer uma visita às lojas de chineses da vila para comprar toldos e plásticos para resguardar as tendas da chuva. E não foram poucos os que se viram obrigados a fazer este investimento.
Ainda assim, a concentração estava a ser «um sucesso», garantia Jaime Garcia, vice-presidente do Góis Moto Clube, que organiza o evento, convicto que a fasquia de participantes posta pela organização, mais de 20 mil, vai ser atingida, «pelo menos durante os concertos».
Ontem, ao final da manhã, as contas já apontavam para mais de dez mil inscrições e muitos motards estavam ainda a comprar bilhete. Só no recinto de acampamento «há cerca de cinco mil tendas», contabilizou, por alto, o vice-presidente. É uma verdadeira «cidade de lona» aquela que está, desde quinta-feira, “construída” no parque, tal é o aglomerado de tendas que é possível observar.
Mais do que tendas, o que há em Góis nestes dias são motos, de todas as cores, feitios e marcas. Há até «carrinhos de bebé», diz Jaime Garcia, querendo desta forma destacar uma das «particularidades» da concentração de Góis que, mais do que juntar os amantes das duas rodas, congrega famílias inteiras.
O Nuno é um bom exemplo. Tem quatro anos apenas e já vai, ainda que de automóvel, à concentração de Góis. E vai trajado, com colete e lenço à motard. «Gostas de motos?», pergunta a mãe. «Não!», responde, contrariando as expectativas dos muitos motards que o observavam. «Ele gosta. Só está a querer chatear», diz Marinela Mocano, uma cidadã romena que escolheu a Figueira da Foz para viver e lá começou a gostar de motos, acompanhando o marido Paulo Melo, que faz parte do Clã Motociclista de Portugal.
«Prefiro mil vezes ir a uma concentração do que ir a uma discoteca», diz Marinela Mocano, falando do «convívio sem confusões» que se vive numa concentração motard. O marido, Paulo Melo, ou “Acelera” como é conhecido e como a tatuagem no braço denuncia, prefere antes destacar a «tranquilidade e sossego» que se vive em Góis, factores que considera serem a chave para o sucesso desta concentração.
«Góis tem muitas potencialidades em termos turísticos, com as aldeias de xisto e as praias fluviais que fazemos o esforço por divulgar», diz, por sua vez, o vice-presidente do Moto Clube, concordando que é toda a envolvência natural do concelho que faz com que milhares de motards, de todos os pontos do país, ilhas e estrangeiro, se desloquem a Góis. Afinal, remata Jaime Garcia, o lema da concentração espelha bem o sentimento: «Tá-se bem em Góis!».
in Diário de Coimbra, de 17/08/2008

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