quinta-feira, 10 de julho de 2008

Forestis vai propor medidas para floresta

Existe uma grande falta de informação sobre as decisões relativas à doença do nemátodo do pinheiro, concluíram as três dezenas de associações florestais do país, que constituem a Forestis, Associação Florestal de Portugal, que reuniram ontem em Coimbra. Do encontro, que serviu para analisar a floresta e a forma como o Governo está a tratar os seus problemas, resultou uma lista de oito medidas urgentes para a floresta, que será tornada pública no próximo dia 15, durante a reunião do Conselho de Direcções da Forestis com o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas.
Para já, adiantou Francisco Carvalho Guerra, presidente da Forestis, «o cadastro florestal, nomeadamente nas Zonas de Intervenção Florestal, é uma necessidade urgente», pelo que este será um dos pontos da lista de medidas urgentes e um assunto a abordar durante o encontro com o governante, assim como o apoio do Governo. «Queremos saber se o Governo quer, de facto, continuar a parceria com as associações florestais», afirmou o responsável da associação.
Sobre a doença do nemátodo do pinheiro, as associações presentes no encontro, que representam 12 mil proprietários florestais, criticaram a ausência dos prometidos apoios. A doença foi detectada na região Centro, concretamente Arganil e Lousã, tendo então sido celebrados protocolos com a Direcção Geral dos Recursos Florestais para apoiar a realização de acções de informação e sensibilização. Mas «não chegaram, até à data, nenhuns apoios do Ministério da Agricultura, assim como não foi delineado o plano de trabalhos», lamenta, em comunicado distribuído aos jornalistas, a Forestis. «As associações consideram que foram utilizadas para dar resposta às exigências de Bruxelas e depois esquecidas», diz Francisco Carvalho Guerra.
Aliás, dizem os responsáveis florestais, a informação aos proprietários esta a ser levada a cabo «exclusivamente pelas suas associações», como é o caso da Associação de Proprietários do Concelho de Arganil, que, desde que foi detectado no concelho um foco da doença, já levou a cabo 18 sessões de esclarecimento, abrangendo mais de mil proprietários florestais. Além disso, criticam ainda o facto de a informação existente chegar apenas por via da Imprensa ou por despachos e portarias do Ministério da Agricultura, sendo as associações informadas das medidas e decisões «na véspera dos actos já consumados».
As associações temem que, ao ser decretado a totalidade de Portugal continental como zona afectada pela doença, os proprietários fiquem abandonados a si próprios e que os preços baixem drasticamente por via de movimentos especulativos. Receiam ainda que, com isto, a Comissão Europeia tenda a preocupar-se essencialmente com a exportação para países terceiros «e que o problema passe a ser um facto normal, pensamento que vem sendo construído pelo Ministério da Agricultura», refere o comunicado.

ZIF sem atenção
Mais do que aumentar o número de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) as associações entendem que é necessário «apoiar os processos já existentes». As ZIF, que foram ontem também assunto no encontro, «não estão a ter a devida atenção por parte das medidas integradas no PRODER», refere a Forestis, recordando que a tutela é co-responsável por este processo, por isso é importante que sejam cumpridas as promessas, nomeadamente, considera Carvalho Guerra, a «concretização de uma discriminação positiva ao nível do investimento ao apoio produtivo».
Ainda segundo o presidente da Forestis, é preciso dar resposta imediata aos problemas da floresta, nomeadamente incêndios, pragas e doenças e o decréscimo da produtividade, e, ao mesmo tempo, apoiar o que a pode tornar sustentável a médio e longo prazo. «Enquanto os governantes não definirem, de forma aberta e pública, em que medida querem trabalhar com a sociedade civil, as indefinições levarão passo a passo à insustentabilidade da floresta portuguesa», afirmou Carvalho Guerra.
in Diário de Coimbra, de 10/07/2008

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