quarta-feira, 2 de julho de 2008

Combate ao nemátodo só produz efeito em 2009

Doença ultrapassou as duas faixas de contenção antes delimitadas
Serração é o sector mais afectado, numa fileira que vale cerca de 1% do PIB



As medidas definidas pelo Ministério da Agricultura na portaria publicada em Diário da República na sexta-feira, com o intuito de combater o nemátodo da madeira do pinheiro, são positivas, mas, para Luís Dias, da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), só em 2009 irão produzir efeitos. "O problema actualmente é tão grande e tão grave que pouco mais há a fazer do que preparar os programas e acções para combater a doença no próximo ano".

Ao DN, Luís Dias explicou que o que sucedeu é que o nemátodo saiu da faixa de contenção sanitária na região de Setúbal, tendo sido detectadas, "no final do ano passado duas análises positivas na região Centro, na zona de Lousã e Arganil". Face a isto foi delineada uma segunda faixa de contenção da doença. O problema é que, agora, foram detectadas novas análises positivas e que, acabaram por levar o Governo a classificar todo o território continental como "zona afectada e de restrição".

Luís Dias critica ainda alguma desorganização dos serviços. "O ano passado quase não houve prospecção nem erradicação da doença, muito por inacção", explica aquele responsável que vê aí uma possível explicação para um alastramento do nemátodo para a zona Centro do País. "O Estado geriu mal o processo", afiança o responsável da CAP.

Apesar de tardias, Luís Dias considera estas medidas - que contam ainda, a título de medidas urgentes, com a obrigatoriedade de abater e remover os pinheiros infectados, no prazo de dez dias após notificação - são positivas. "As medidas vêm no seguimento daquilo que temos defendido, ou seja, uma prospecção e um combate à doença ao longo do ano e não apenas num determinado período do ano", asseverou aquele responsável da CAP.

Para o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Fernando Rolin, toda a fileira será afectada, das serrações à indústria do mobiliário, passando pelas carpintarias e fábricas de painéis. E porque a serração será o sector mais afectado, Fernando Rolin diz que "os cortes de madeira que serão feitos devem ser encaminhados para a serração em vez de a enviar para Itália, para biomassa". O presidente da AIMMP disse ainda que, no âmbito do QREN, "será reforçada a compra de secadores, fulcrais na desinfestação da madeira".

A fileira do pinheiro, segundo dados da CAP, representa perto de 1% do PIB nacional, isto é, cerca de 1,7 mil milhões de euros, e dá emprego a 30 mil pessoas.
in Diário de Notícias, de 2/07/2008

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