segunda-feira, 2 de junho de 2008

COLMEAL - Açores… aqui tão perto

Noite escura ainda em Lisboa onde apenas brilhavam as luzes dos candeeiros e dos carros que rolavam. Os olhos dos participantes que iam chegando ao Terminal n.º 2 mostravam um pouco do sono que ficara por dormir. A pouco e pouco o dia, clareando, ia empurrando a madrugada para outras paragens.


O momento desejado há já alguns meses estava cada vez mais próximo. As pérolas do Atlântico estavam a pouco mais de duas horas.

Enquanto o avião seguia na sua rota o “contenente” ia ficando para trás e os novos descobridores, quase seis séculos depois e agora, pelo ar, iam-se aproximando daquelas ilhas, quais grãos de areia perdidos na imensidão do oceano. Cada ilha com as suas cores, com as suas características próprias, com os seus sabores. Ilhas que viram partir, à procura de melhores oportunidades de vida, mais de um milhão dos seus filhos, muitos dos quais sabendo que não voltariam nunca. Tempos e vidas difíceis, tal como os nossos pais e avós sentiram quando deixaram as nossas aldeias, mas sem terem o mar a inviabilizar um regresso às origens.

Alguns dos intervenientes neste passeio tomaram conhecimento desta viagem através das notas que remetemos para a imprensa regional, o que vem confirmar como é importante o seu papel junto da comunidade serrana. Ter o Colmeal e a União Progressiva na comunicação social regional é levá-los aos quatro cantos do mundo.

O folclore açoriano é riquíssimo e foi um dos aspectos mais apreciados durante a semana em que permanecemos nos Açores. Não só nos trajes, coloridos nas mulheres e sóbrio nos homens, mas também na dança e nos cantares típicos. Com origem em música popular do continente português, nomeadamente Beiras e Alentejo, alterou-se com as condições do meio e atingiu formas próprias. Alguns grupos folclóricos têm efectuado trabalho de pesquisa, conseguindo reproduzir com rigor os trajes, as músicas e danças de antigamente.

Tivemos oportunidade de visitar, como tínhamos previsto, igrejas, conventos e ermidas. Castelos, palácios e museus. Também passámos por fortes em bom estado, que outrora haviam sido guardiães de intrusos. O arquipélago possui um precioso conjunto de monumentos bem conservados e que são de visita obrigatória.

A gastronomia açoriana é muito diversificada, de acordo com os produtos e os hábitos alimentares de cada ilha. Para além do cozido confeccionado no calor das caldeiras, muitas foram as especialidades que tivemos oportunidade de apreciar. Não poderemos esquecer o ananás ou os vários tipos de queijos, bem como a doçaria, o chá, os vinhos ou os licores.

As igrejas existentes em todas as freguesias e construídas desde o início do povoamento têm no seu interior verdadeiras obras de arte. Ermidas e capelas encontram-se espalhadas pelas diversas ilhas.

Das muitas festas populares destacam-se as do Divino Espírito Santo (as de maior tradição nos Açores), as festas municipais e as festas ao santo padroeiro de cada localidade, com as suas procissões e arraiais. O culto do Divino Espírito Santo levou à construção dos chamados “Impérios” em todas as freguesias, sendo facilmente identificáveis.

Em São Miguel, a festa ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, é a maior manifestação da religiosidade não só do povo micaelense mas de todo o arquipélago.

Costuma-se dizer que quem vai aos Açores e não vai ao Peter’s… não foi aos Açores.

O quase centenário Peter Café Sport é mundialmente conhecido por ser um local de refúgio para os iatistas que cruzam o oceano e aqui fazem escala “obrigatória”. E quase todos deixam uma marca da sua passagem. Nós, mesmo não sendo navegadores, deixámos a marca da nossa passagem – um galhardete da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.

No Museu de Scrimshaw, situado no piso superior, existem magníficos trabalhos em osso de baleia e dente de cachalote. Outrora “passatempo” de marinheiros durante as longas viagens e esperas, hoje, é feito em terra por outro tipo de aventureiros – os artistas – que em matéria tão perfeita continuam a gravar as ilhas, as gentes e a saudade.

Como anteriormente já tínhamos dedicado um apontamento a cada uma das ilhas que íamos visitar, limitamo-nos por agora a estas poucas linhas. Acredite que valeu a pena. E estamos muito contentes por ter viajado connosco. Já estamos a pensar na próxima.
A. Domingos Santos
in Jornal de Arganil, edição electrónica

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como o primeiro par�grafo est� incompleto e tira o sentido � frase, aqui fica a rectifica�o.
"A pouco e pouco o dia, clareando, ia empurrando a madrugada para outras paragens."
Obrigado.

03 junho, 2008 00:14  

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