segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Na rota das 24 aldeias do xisto

Os 450 mil visitantes que, segundo uma estimativa da Associação Pinus Verde, responsável pela promoção turística da rede de Aldeias de Xisto, visitaram as 23 aldeias do Pinhal Interior em 2006 (em 2007 a rede passou para 24 aldeias, com a inclusão do Coentral, no concelho de Castanheira de Pera) provam que os 11 milhões de euros investidos na requalificação física das aldeias, no âmbito do Programa Operacional da Região Centro, cumprem o objectivo principal de, para além da melhoria de qualidade de vida dos residentes, as tornar num destino turístico que abrange 14 municípios.

Da Lousã a Vila Velha de Ródão, por entre serranias de pinheiros, eucaliptos ou carvalhos, o castanho do xisto aparece, inusitado, e recorta a paisagem verde, mostrando uma arquitectura, de ruas estreitas e íngremes, de casas coladas e construídas de forma irregular, de portas sempre abertas.

Mas não é só a arquitectura que atrai os forasteirosas tradições vão-se preservando e, com o projecto de afirmação desta marca como destino turístico - este ano já à venda na Alemanha-, vão sendo reconstituídas, sejam o grimpo do ouro, em Foz Cobrão, o Entrudo, por terras de Góis, ou os neveiros da Lousã. E as pessoas, como as portas de casa, estão abertas a quem chega, dispostas a recordar histórias de outros tempos e a partilhar a vivência, dura, da serra. Em Gondramaz, concelho de Miranda do Corvo, Maria Brandão, que apanha o último sol de uma tarde de Março, espelha, com o seu à-vontade, a hospitalidade da terra. É que "por aqui já passa muita gente. Do Brasil, de Lisboa, de todos os lados. E a gente gosta que venham", afirma, explicando que é no Verão que aos 10 habitantes de Gondramaz se juntam os muitos forasteiros.

Também Carlos Rodrigues, especialista da escultura de pedra xistosa, gosta de receber, no seu "ninho de arte", quem vem de fora e aprecia a sua obra. Nos "vinte e muitos anos de Gondramaz" viu a terra mudar, de uma ponta à outra. "Antes era só buracos por aí, agora até já temos saneamento e já andam a construir um restaurante", sublinha, orgulhoso do "valor" dado às aldeias.

Para Bruno Ramos, da Associação Pinus Verde, o sucesso do destino Aldeias do Xisto assenta sobretudo "na genuinidade dos 24 núcleos". "O perfil do visitante nacional aponta para pessoas de nível socio-cultural médio, médio-alto, que procura as tradições verdadeiras, que se preocupa com a conservação do património e do ambiente", refere, acrescentando também que já é de algum relevo o turista que, a par da calmia da serra, procura alguma adrenalina com as inúmeras possibilidades de desporto ao ar livre, do rafting, aproveitando os cursos de água, à escalada.

O técnico sublinha que já se denota "apetência do mercado estrangeiro pelos produtos à venda, nomeadamente na Alemanha, onde foram publicitados, este ano, dois produtos turísticos, e garante que este é mesmo o caminho que a Pinus Verde pretende trilhar em 2008. Até agora, a associação, quando contactada pelo visitante, dá informação, encaminha, sugere, desde o alojamento à gastronomia, até traça propostas adaptadas ao que cada grupo pretende. Mas o próximo passo será a formatação de " pacotes tipo chave na mão".
in Jornal de Notícias, de 12/11/2007

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