sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Associação de Apicultores do Concelho de Góis dinamiza a actividade

A Associação de Apicultores do Concelho de Góis foi fundada em 1995, mas desde o ano passado que ganhou um novo alento, com o objectivo de desenvolver o projecto que nasceu para apoiar os apicultores de Góis e de concelhos limítrofes. Tem sido realizado um trabalho de divulgação da associação, fazendo-se presente em várias feiras associadas ao mel.

O recomeço da constante e permanente actividade da Associação verificou-se em 2006 quando os novos órgãos sociais foram eleitos. "Houve um interregno grande porque as direcções não conseguiram avançar com a Associação. Estamos agora a arrancar com esse trabalho como se fosse de princípio", esclarece António Fernandes, presidente da direcção, apontando uma possível falta de interesse dos anteriores corpos sociais. Sediada na vila de Góis, conta com 109 apicultores e para eles, a Associação está a dinamizar acções que visam valorizar o mel e a «furar» o mercado com a mais viabilidade possível. A intenção é desenvolver uma Associação empenhada no seu progresso. De entre os objectivos a concretizar, inclui-se a vontade de angariar o maior número de sócios, fazer a propaganda "adequada", de forma a progredir com "rigor" e importância. Segundo diz, terá de ter profissionais especializados para auxiliarem os apicultores, ajudando-os a aprender as técnicas modernas, para que as colmeias possam vingar. Uma das medidas implantadas é a criação dos primeiros rótulos para as embalagens, de modo a serem vendidas nas feiras ou outros lugares públicos. Estes são certificados por uma entidade privada, a Sico Qualidade, e distribuídos posteriormente pela Lousãmel. Aliás, a parceria com a associação lousanense é alargada a outros pontos. Apesar dos mais de dez anos de existência, a sede ainda não tem amelaria (casa própria para tirar o mel das colmeias), pelo que tem-no feito nas suas instalações. Por ser uma associação conhecida e reconhecer-lhe mérito, a entidade goiense pretende realizar um protocolo com a Cooperativa. A vontade é comungar e adquirir a sua experiência, para que "a nossa associação começasse a fazer um trabalho mais útil e importante", afirma, acrescentando que espera conseguir muitos outros proventos de forma a dar aos apicultores o que precisam, nomeadamente ajuda técnica.
De acordo com António Fernandes, a zona de Góis é propícia à instalação de uma Associação de Apicultores. Não só comprovam-no o grande número de associados, como as várias serranias, que comportam milhares de colmeias. Apesar dos inúmeros tipos de colmeias, a Associação pretende trabalhar apenas com determinadas colmeias, designadamente as langstroth's e as reversíveis, já que são as mais usadas na região. Na sua opinião, as associações têm um papel determinante na qualidade e comercialização do mel. O mercado é "grande", e mas terras pequenas é frequente a existência de colmeias. A entidade tem divulgado, também, os benefícios do consumo deste alimento, pelo que o presidente encara-o como um produto de alta qualidade. "São indicados para várias mezinhas e até os médicos aconselham o consumo", ao qual se acrescenta ainda os «derivados» como geleia real e propólis, a partir do qual se fazem loções.

Feira dos Santos é do mel
Implementada há cinquenta anos, a Feira dos Santos começou por se realizar na zona do Castelo, onde as famílias se reuniam e a matança do porco era um hábito que passava de ano para ano. Entretanto eram confeccionados os torresmos, mas por níveis de exigência em termos de higiene, a tradição foi-se perdendo. Ainda assim o evento no dia 1 de Novembro continuou e hoje, depois de se ter instalado em vários pontos da vila, está fixado no Parque do Baião. No sentido de valorizar um produto reinante na região, há cerca de dez anos que a Feira dos Santos de Góis está associada ao mel. No meio de vários produtos de vestuário, artesanato e outros, é comum destacar-se uma tenda dedicada ao produto das abelhas, onde este ano se encontravam mais de uma dezena de expositores. Maria Olívia, produtora de mel, culpava a crise, para a "manhã fraca" da Feira. Um problema que afectou, igualmente, as feiras em Miranda e Coimbra. Da banca faziam parte o mel, pólen e favos de mel. A pensar em adquirir outros proveitos, adicionou velas e algum artesanato no expositor. Maria da Conceição e José Carvalho levaram o mel de Padrão (Lousã), fruto de uma actividade de 30 anos. A viver em Lisboa, sugeriu comprarem colmeias a um vizinho que as estava a vender com a finalidade de terem mel para os miúdos. O marido adquiriu, foi produzindo e agora faz criação de abelhas. A nível monetário não dá lucro, mas compensa para quem gosta. "Tenho-lhe dito muitas vezes, para vender metade das abelhas. A resposta dele é para eu ir contá-las porque cada colmeia tem, em média, sessenta e tal mil abelhas", conta ao Jornal de Arganil. "É um insecto que gosto de apreciar, quem começa com aquilo gosta muito. Gosto de ver o trabalho delas e o que dão faz muito bem", justifica.

Lousãmel escoa toneladas de mel
Comercializa mel e todos os produtos com ele relacionados, como pólen, geleia real, própolis ou material apícola. Há clientes para os produtos de beleza, mas o mel continua a ser mais procurado principalmente entre os que estão radicados nas cidades e regressam à terra de origem. De qualquer forma, já vende o mel na capital e países europeus, caso da Alemanha, Noruega ou Marrocos. A função da Cooperativa Agrícola de Apicultores da Lousã e Concelhos Limítrofes é a comercialização, apoio técnico e formação, mas não esquecendo um dos objectivos principais, o escoamento do produto, dando-o a conhecer. "Temos de ter uma estrutura que os ajude, que adquire o produto para o colocar no mercado". Por vezes, não é vendido ao preço ao preço que os apicultores desejam. "A valorização também é importante. Se vendessem a um comerciante ou industrial de mel, que não a cooperativa, com certeza davam um preço irrisório por cada quilo. Quanto melhor estiver cotado, mais podemos pagar aos apicultores", esclarece António Carvalho, presidente da Lousãmel. O conjunto de várias medidas justifica que em poucos anos tenha começado a escoar cerca de 20 toneladas de mel.
As feiras, diz, têm ajudado ao comércio e comparativamente a décadas anteriores a situação está melhor. Apesar de considerar que o mel deveria fazer parte da alimentação diária, "em tempos mais recuados, o mel era só olhado como um medicamento". Hoje, "felizmente já se sabe as suas características a nível de vitaminas e as pessoas já compram para consumir. Penso que já se vende mais mel", refere aludindo ao crescimento de colmeias, pedidos de denominação de origem e associações. "Há uma evolução muito grande", congratula-se, factor ao qual diz ser indispensável a qualidade que tem sido produzida.
Diana Duarte
in Jornal de Arganil, de 8/11/2007

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