Encontro com José de Matos Cruz
Encontrei José de Matos Cruz no Centro Comercial das Olaias, ao antigo Alto do Pina, e sentámo-nos na esplanada do café a conversar. Matos Cruz diz-me que costuma ali passar grande parte das suas tardes, lendo o jornal e escrevendo as suas crónicas para o "Varzeense» e para A Comarca de Arganil.
Quando não temos de que falar, falamos de nós, do nosso passado, daquilo que nos deixou saudades, boas e más, daquilo que constituiu a nossa vida.
Matos Cruz esteve talhado para ser padre e andou mesmo no Seminário. Depois não chegou lá. Ficou pelo caminho. Mas chegou um filho seu, o Robson, que está presentemente em Roma, a preparar-se para sair Doutor em Teologia. Veio para Lisboa no mesmo ano que eu vim também. 1945, o ano em que acabou a guerra. Mas em 1950 foi para o Brasil, para o Rio de Janeiro. E por lá andou até 1972, trabalhando no ramo automóvel, designadamente com uma bomba de gasolina.
Recorda o arganilense simpático que conheceu no Rio e que foi seu amigo, Jorge Miguel Moreira, com quem falava muito de Arganil. As saudades da terra, da sua Vila Nova do Ceira, onde nasceu há 80 anos, não o largavam e com os filhos a crescer, pensou no regresso.
Se eles começam a lançar raízes por aqui, é que não volto mais - pensou.
Não voltou rico, mas ganhou experiência e conhecimentos. E voltou à sua terra, o seu país, sabendo quantos por lá morriam roídos pela saudade. E acabar a vida em terra estranha e longínqua, mesmo que seja o Brasil, é sempre doloroso.
De novo em Lisboa, entrou para o movimento regionalista. Não podia deixar de ser. Escrevia umas crónicas para A Comarca de Arganil, a pedido do saudoso director João Castanheira Nunes, e entra para os corpos directivos da Casa do Concelho de Góis, já depois de ter pertencido à direcção da Comissão de Lisboa de Propaganda e Melhoramentos de Vila Nova do Ceira. E em 1982 é eleito presidente da direcção da Casa do Concelho de Góis e lá continua durante algumas gerências, depois de ter passado por outros cargos.
Interessou-se sempre pelas instituições varzeenses e começou a colaborar no Jornal "O Varzeense», a convite do padre dr. Fernando Ribeiro. Era mensal e fez dele quinzenário, de razoável circulação no concelho de Góis. Reformou-se e foi viver para Vila Nova do Ceira, quando foi eleito para vereador da Câmara Municipal de Góis.
A Várzea Grande é uma terra bonita, rodeada pelos rios Ceira e Sótão e passou a viver mais de perto com os seus conterrâneos e os seus problemas.
Mas as condições de vida alteravam-se e Matos Cruz voltou para Lisboa. Deixou de ter responsabilidades na publicação do “Varzeense” e deixou de ser vereador da Câmara, antes de completar o terceiro mandato efectivo, o que evitou que viesse a ter uma melhoria na sua reforma.
Voltou a frequentar a Casa do Concelho de Góis e perante a dificuldade no preenchimento do cargo de presidente do Conselho Regional numa assembleia geral, aceita o cargo e voltou a ser dirigente da Casa, bem sua conhecida. Como recentemente aceitara ser o presidente da direcção da Comissão de Melhoramentos de Vila Nova do Ceira, que esteve alguns anos sem actividade.
Ainda agora, no próximo dia 17 de Novembro, vamos ter na Casa do Concelho de Góis um magusto da Comissão de Melhoramentos de Vila Nova do Ceira, que vai ter mais uma vez a presença simpática do Grupo de Músicas e Cantares da Várzea e naturalmente de muitos varzeenses.
Matos Cruz tem-se empenhado nesta iniciativa e espera que ela constitua um encontro agradável entre os de cá e os de lá, sempre unidos e desejosos de prestigiar a sua terra.
Até lá, e depois disso, Matos Cruz vai passando as suas tardes na esplanada do Café do Centro Comercial das Olaias, hoje um bairro moderno voltado para o Tejo e para o Vale de Chelas, onde por vezes se encontra com amigos e conterrâneos que falam da terra e do nosso passado, desde os tempos da guerra e do volfrâmio em que os dois andámos e que tanto marcou a nossa juventude.
O passado ocorre-nos sempre à mente quando começamos a envelhecer ...
António Lopes Machado
in A Comarca de Arganil, de 30/10/2007
Quando não temos de que falar, falamos de nós, do nosso passado, daquilo que nos deixou saudades, boas e más, daquilo que constituiu a nossa vida.
Matos Cruz esteve talhado para ser padre e andou mesmo no Seminário. Depois não chegou lá. Ficou pelo caminho. Mas chegou um filho seu, o Robson, que está presentemente em Roma, a preparar-se para sair Doutor em Teologia. Veio para Lisboa no mesmo ano que eu vim também. 1945, o ano em que acabou a guerra. Mas em 1950 foi para o Brasil, para o Rio de Janeiro. E por lá andou até 1972, trabalhando no ramo automóvel, designadamente com uma bomba de gasolina.
Recorda o arganilense simpático que conheceu no Rio e que foi seu amigo, Jorge Miguel Moreira, com quem falava muito de Arganil. As saudades da terra, da sua Vila Nova do Ceira, onde nasceu há 80 anos, não o largavam e com os filhos a crescer, pensou no regresso.
Se eles começam a lançar raízes por aqui, é que não volto mais - pensou.
Não voltou rico, mas ganhou experiência e conhecimentos. E voltou à sua terra, o seu país, sabendo quantos por lá morriam roídos pela saudade. E acabar a vida em terra estranha e longínqua, mesmo que seja o Brasil, é sempre doloroso.
De novo em Lisboa, entrou para o movimento regionalista. Não podia deixar de ser. Escrevia umas crónicas para A Comarca de Arganil, a pedido do saudoso director João Castanheira Nunes, e entra para os corpos directivos da Casa do Concelho de Góis, já depois de ter pertencido à direcção da Comissão de Lisboa de Propaganda e Melhoramentos de Vila Nova do Ceira. E em 1982 é eleito presidente da direcção da Casa do Concelho de Góis e lá continua durante algumas gerências, depois de ter passado por outros cargos.
Interessou-se sempre pelas instituições varzeenses e começou a colaborar no Jornal "O Varzeense», a convite do padre dr. Fernando Ribeiro. Era mensal e fez dele quinzenário, de razoável circulação no concelho de Góis. Reformou-se e foi viver para Vila Nova do Ceira, quando foi eleito para vereador da Câmara Municipal de Góis.
A Várzea Grande é uma terra bonita, rodeada pelos rios Ceira e Sótão e passou a viver mais de perto com os seus conterrâneos e os seus problemas.
Mas as condições de vida alteravam-se e Matos Cruz voltou para Lisboa. Deixou de ter responsabilidades na publicação do “Varzeense” e deixou de ser vereador da Câmara, antes de completar o terceiro mandato efectivo, o que evitou que viesse a ter uma melhoria na sua reforma.
Voltou a frequentar a Casa do Concelho de Góis e perante a dificuldade no preenchimento do cargo de presidente do Conselho Regional numa assembleia geral, aceita o cargo e voltou a ser dirigente da Casa, bem sua conhecida. Como recentemente aceitara ser o presidente da direcção da Comissão de Melhoramentos de Vila Nova do Ceira, que esteve alguns anos sem actividade.
Ainda agora, no próximo dia 17 de Novembro, vamos ter na Casa do Concelho de Góis um magusto da Comissão de Melhoramentos de Vila Nova do Ceira, que vai ter mais uma vez a presença simpática do Grupo de Músicas e Cantares da Várzea e naturalmente de muitos varzeenses.
Matos Cruz tem-se empenhado nesta iniciativa e espera que ela constitua um encontro agradável entre os de cá e os de lá, sempre unidos e desejosos de prestigiar a sua terra.
Até lá, e depois disso, Matos Cruz vai passando as suas tardes na esplanada do Café do Centro Comercial das Olaias, hoje um bairro moderno voltado para o Tejo e para o Vale de Chelas, onde por vezes se encontra com amigos e conterrâneos que falam da terra e do nosso passado, desde os tempos da guerra e do volfrâmio em que os dois andámos e que tanto marcou a nossa juventude.
O passado ocorre-nos sempre à mente quando começamos a envelhecer ...
António Lopes Machado
in A Comarca de Arganil, de 30/10/2007
Etiquetas: vila nova do ceira
5 Comments:
Que Bonito! Quem não conheça a "peça" que o compre...
Só eu já o vi ser Vereador pelo menos de 3 partidos, muda de opinião como quem muda de camisa!
Já o ouvir dizer que nunca mais escrevia no Varzeense, por ter sido expulso de lá e agora escreve novamente.
Para ele só ele tem razão, só ele é o maior... ninguém é melhor jornalista que ele...Niguém escreve melhor que ele... Niguém sabe mais sobre o Concelho de Góus que ele...
Respeito a idade dele, mas também é pouco mais que a minha...
Mas acho que já chega.
Não vamos fazer dele um heroi quando ele não é.
Quem esteve no Brasil, sabem do que eu estou a falar.
Como podem continuar a guardar-lhe vassalagem?
Assino por baixo como podem guardar Vassalagem a este Homem que mais parece uma "mulher alcoviteira", que nem os Bons Dias mereçe...
MG (VNC)
Estou Parvooo, simplesmente PARVO!
Ainda falam neste tipo...
Isso é uma parvoice e falar dele é PARVO...
Nunca vi tanta parvoice junta.
Mas que é isto? Estará tudo doido!?!
José Matos Cruz? Quem é este homemzinho, para lhe fazerem um artigo destes?
Mas que coisa vergonhosa...
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