quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Jornadas Culturais da Freguesia de Alvares

As Jornadas Culturais da freguesia de Alvares forma uma feliz iniciativa e merecem ser apoiadas por todas as forças vivas da freguesia porque as povoações que a compõem, disseminadas pela encosta Es/Sudeste da Serra da Lousã, foram testemunhas da passagem de diversas civivlizações de que ainda há vestígios nos nossos dias.
Os bens e conhecimento que nos legaram deveriam ser preservados e valorizados de modo a poderem chegar aos nossos vindouros, fazendo assim a história da nossa freguesia.
Como surgiram as nossas terras, quem teriam sido os primeiros habitantes, que sinais deixaram da sua passagem. Recordamos alguns dos que chegaram ao nosso conhecimento:
a) - da passagem dos Árabes - além das palavras começadas por Al como Alvares, Algares, Algazes e outras como assanha, crê-se que trouxeram as noras e os arados de madeira.
Fizeram grandes obras como as colossais paredes que ainda hoje sustentam algumas hortas; esventraram estas serras à procura de metais preciosos e deixaram-nos até vasos de barro com moedas que foi pena perdenrem-se - foram-nos dadas algumas para brincar quando éramos crinças.
b) - da passagem dos romanos - algumas pontes mas principalmente a linguagem. Era a civilização mais avançada do seu tempo. Do que nos foi dado saber ainda hoje temos, na Telhada e arredores, as palavras: tablome - do estábulo; peniguéis (variedade de pinheiro); purlieira - uma variedade de folhosas da família dos carvalhos; preles - de prélium - passagem estreita de um curso de água.
Estes nomes, embora com alguma deformação, ainda hoje são pronunciados.
c) - da passagem dos Judeus - são-lhes atribuídos os olhos verdes de muita gente e um grupo sanguínio que predominava ainda há poucos anos, assim como uns "nichos" que em muitas casas ainda hoje se encontram e ainda umas "orações" que se consideram estranhas para a nossa cultura ocidental e que alguns dos que viveram até há setenta-oitenta anos sabiam.
d) - de povos mais remotos - há vestígios como uma "pedra milheira" de que ainda temos a "bola" (a base encontra-se perdida na horta em que a tentámos guardar); uma mó de mover à mão que esteve muitos anos na perede de um curral e, mais que tudo isso, os restos de um castro no Ribeiro dos Algares e de cujas pedras se fizeram alguns muros por se temer que, se fossem conhecidos, viessem a ser expropriados.
Desses povos remotos terá vindo a possibilidade de se instalar na Telhada uma "fábrica de telha" que deu o nome à terra e que, segundo diziam os mais antigos, teria existido junto à casa dos "Pintos", ao fundo do lugar, onde ainda hoje se chama o "barreiro" - porque ali havia muito barro.
Um descendente dessa família transferiu a "fábrica" para o Vale das Fontes, onde ainda conhecemos o forno e vimos cozer telha. Pena foi que os fogos dos últimos anos o tenham destruído pois era um valor arqueológico que merecia ser preservado.
Se de todas as terras se fizesse uma resenha histórica que se pudesse depois compilar num livro para a posterioridade, talvez fosse muito útil. Oxalá seja possível.
in Jornal de Arganil, de 2/08/2007

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