Gelo chega a Lisboa à maneira do século XVIII
Cortado em cubo e cuidadosamente acamado em palha, o gelo da serra da Lousã chegou hoje de padiola ao café Martinho da Arcada, Lisboa, numa recriação da entrega de gelo à corte, datada de finais do século XVIII.
Organizada pela Lousitânea - Associação de Amigos da Serra da Lousã, a entrega e transporte de gelo visou recriar o percurso que o gelo fazia desde o neveiro de Santo António, na freguesia de Coentral, concelho de Castanheira de Pêra, até Lisboa.
Ao som da música e danças tradicionais portuguesas, o rancho folclórico "Neveiros do Coentral" acompanhou toda a cerimónia, em que não faltou o almotacel (ou almotacé) - antigo inspector camarário de pesos e medidas que fixava o preço dos géneros - a quem coube provar o gelo antes de ser entregue à "família real", que também marcou presença no Terreiro do Paço.
A receber o gelo estava também o actual proprietário do café Martinho da Arcada, António Barbosa de Sousa, que agradeceu aos organizadores da iniciativa, pela "preocupação e cuidado" com que recriaram uma "tradição tão importante e já perdida".
"Foi muito bom a Lousitânea ter trazido esta iniciativa a Lisboa e ao Martinho da Arcada, que sempre se tem preocupado em manter e reviver as tradições portuguesas", disse António Barbosa de Sousa à Lusa.
Transportado em carros de bois pelas descidas íngremes das encostas do Coentral, antes de chegar a Lisboa, o gelo - este já não fabricado a partir da neve como no século XVIII - passou por Constância, onde foi colocado numa embarcação tradicional do Tejo, como era feito nos finais de Setecentos antes de ser entregue no Café das Neves (actual café Martinho da Arcada).
Julião Pereira de Castro era, na altura, o neveiro real de D. José I e o proprietário do então Café das Neves, sendo o responsável pela entrega de gelo à corte, onde era utilizado no fabrico de refrescos e de gelados.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Silva, presidente da Lousitânea, disse que os primeiros documentos históricos sobre a entrega do gelo em Lisboa, proveniente da neve da Serra da Lousã, remontam a 1759.
"Tudo leva a crer que se fazia antes, mas não há documentos que falem disso", acrescentou, referindo que o transporte do gelo da Serra da Lousã e da de Montejunto (cuja exploração nos finais do século XVIII também pertencia a Julião Pereira de Castro) se fez até ao início do século XX.
"Durante a monarquia, o gelo servia para fazer refrescos e gelados para a corte", referiu, acrescentando que com o fim da monarquia "muitos burgueses endinheirados compravam o gelo também para conservarem os alimentos".
A Lousitânea é uma associação que, entre outras iniciativas culturais, visa recriar tradições das Aldeias do Xisto, um total de 23 aldeias espalhadas por 13 municípios do Pinhal Interior, no centro de Portugal.
Casal Novo, Talasnal, Cedeira, Aigra Nova, Aigra Velha, Gondramaz, Chiqueiro, Candal, Ferreira São João, Casal São Simão, Pedrógão Pequeno, Álvaro, Janeiro de Baixo, Janeiro de Cima, Barroca, Fajão, Pena, Benfeita, Comareira, Martim Branco, Sarzedas, Foz do Cobrão e Água Formosa são as 23 Aldeias do Xisto.
Estas aldeias situam-se nos concelhos de Arganil, Castelo Branco, Figueiró dos Vinhos, Fundão, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Penela, Sertã, Vila de Rei, Vilha Velha de Ródão, Castanheira de Pena, Mação, Pedrógão Grande e Proença-a-Nova.
in www.rtp.pt
Organizada pela Lousitânea - Associação de Amigos da Serra da Lousã, a entrega e transporte de gelo visou recriar o percurso que o gelo fazia desde o neveiro de Santo António, na freguesia de Coentral, concelho de Castanheira de Pêra, até Lisboa.
Ao som da música e danças tradicionais portuguesas, o rancho folclórico "Neveiros do Coentral" acompanhou toda a cerimónia, em que não faltou o almotacel (ou almotacé) - antigo inspector camarário de pesos e medidas que fixava o preço dos géneros - a quem coube provar o gelo antes de ser entregue à "família real", que também marcou presença no Terreiro do Paço.
A receber o gelo estava também o actual proprietário do café Martinho da Arcada, António Barbosa de Sousa, que agradeceu aos organizadores da iniciativa, pela "preocupação e cuidado" com que recriaram uma "tradição tão importante e já perdida".
"Foi muito bom a Lousitânea ter trazido esta iniciativa a Lisboa e ao Martinho da Arcada, que sempre se tem preocupado em manter e reviver as tradições portuguesas", disse António Barbosa de Sousa à Lusa.
Transportado em carros de bois pelas descidas íngremes das encostas do Coentral, antes de chegar a Lisboa, o gelo - este já não fabricado a partir da neve como no século XVIII - passou por Constância, onde foi colocado numa embarcação tradicional do Tejo, como era feito nos finais de Setecentos antes de ser entregue no Café das Neves (actual café Martinho da Arcada).
Julião Pereira de Castro era, na altura, o neveiro real de D. José I e o proprietário do então Café das Neves, sendo o responsável pela entrega de gelo à corte, onde era utilizado no fabrico de refrescos e de gelados.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Silva, presidente da Lousitânea, disse que os primeiros documentos históricos sobre a entrega do gelo em Lisboa, proveniente da neve da Serra da Lousã, remontam a 1759.
"Tudo leva a crer que se fazia antes, mas não há documentos que falem disso", acrescentou, referindo que o transporte do gelo da Serra da Lousã e da de Montejunto (cuja exploração nos finais do século XVIII também pertencia a Julião Pereira de Castro) se fez até ao início do século XX.
"Durante a monarquia, o gelo servia para fazer refrescos e gelados para a corte", referiu, acrescentando que com o fim da monarquia "muitos burgueses endinheirados compravam o gelo também para conservarem os alimentos".
A Lousitânea é uma associação que, entre outras iniciativas culturais, visa recriar tradições das Aldeias do Xisto, um total de 23 aldeias espalhadas por 13 municípios do Pinhal Interior, no centro de Portugal.
Casal Novo, Talasnal, Cedeira, Aigra Nova, Aigra Velha, Gondramaz, Chiqueiro, Candal, Ferreira São João, Casal São Simão, Pedrógão Pequeno, Álvaro, Janeiro de Baixo, Janeiro de Cima, Barroca, Fajão, Pena, Benfeita, Comareira, Martim Branco, Sarzedas, Foz do Cobrão e Água Formosa são as 23 Aldeias do Xisto.
Estas aldeias situam-se nos concelhos de Arganil, Castelo Branco, Figueiró dos Vinhos, Fundão, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Penela, Sertã, Vila de Rei, Vilha Velha de Ródão, Castanheira de Pena, Mação, Pedrógão Grande e Proença-a-Nova.
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Etiquetas: aldeias do xisto
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