Góis: o navio está a bater no fundo!
O concelho de Góis é como um navio que tem vários rombos no casco. Tem vindo a deixar entrar água, naufragou, afundou e está neste momento a bater no fundo do oceano.
Há 9 anos deixei a cidade, larguei tudo e com a minha companheira fixei-me em Góis, local onde não tinha raízes, emprego, casa ou amigos. Góis seduziu-me pelas belezas naturais, pelo sossego, mas também pelo dinamismo que tinha, pelo apoio que era dado aos jovens, pela diversidade cultural que apresentava. Estabeleci laços de amizade, recenseei-me, nasceu o nosso filho, adquiri uma casa, criei uma empresa, aderi a diversos projectos e organizações de carácter cívico, ambiental e cultural.
Esta experiência permitiu-me conhecer muito bem a sociedade Goiense. Ao longo deste tempo, assisti a muitos acontecimentos e acções que não concordei. Sempre considerei a política um espaço obscuro, corporativo e pouco transparente, pelo que nunca me quis envolver. Mas, na presença dos factos que a seguir enumero, sinto-me impelido a intervir civicamente...
• O senhor Eng.º Diamantino apresentou a sua demissão 1 mês após as eleições. Até hoje nunca ninguém soube as razões. Foram de qualquer forma muito fortes, certamente;
• As eleições internas no PSD revelam as 2 listas com uma desavença pessoal insanável. Este partido raramente toma uma posição pública sobre qualquer tipo de assunto. Pergunto: para que serve a oposição? Onde estão, o que defendem e o que fazem os 2 vereadores do PSD?
• No PS por "contraponto" passa-se o mesmo. Existem 2 facções: a pró - Sr. Girão e a pró - Dr. Cabeças. Também estão desavindas, claro!
• Os 2 vereadores eleitos pelo PS estão em rota de colisão com o Presidente da Câmara. Relembro o caso do Orçamento da Câmara. Como é possível o Presidente da Câmara realizar sozinho um documento tão fundamental e estratégico como o Orçamento e Plano da autarquia? O Presidente diz que pediu ajuda. Os vereadores do próprio partido dizem que nem foram consultados!
• Os funcionários da Câmara Municipal dizem que o ambiente interno degradou-se. As discussões, os atropelos, as quezílias entre estes e a liderança autárquica são constantes. Em Góis tudo se sabe. É difícil manter segredos. Penso não ser o único que sabe o que se passa lá dentro. Porque é que nestes últimos 5 anos, tantas pessoas pediram licenças, baixas ou, pior ainda, passaram a andar cabisbaixas na rua?
• Quando há um ano e meio me envolvi numa recolha de assinaturas para alterar este status-quo, houve pessoas que disseram que não podiam assinar, porque tinham medo das represálias! Estamos num país da EU, em pleno séc. XXI, não vivemos no tempo da inquisição, nem do feudalismo!
• Todos lemos o artigo de opinião da cidadã Maria Helena Moniz: "O pleno exercício da democracia pressupõe a livre discussão, ou será que se prefere a paz podre do salão nobre em contraste com o clima do ódio nos corredores?" Todos sabemos o cargo que ela ocupa. Elogio a sua coragem política, tomando público o que de mal acontece dentro daquele edifício. Se ela se sentiu obrigada a algo, "O tempo em que todos eram obrigados a exprimir a mesma opinião, já pertence ao passado ditatorial", então quem a obriga? O Presidente da Câmara? O aparelho partidário? Que eu saiba ela é a n.º 2 do município, não é? Ou há mais alguém que se movimenta pelos bastidores?
Não estou contra ninguém. Sei que com este artigo vou ganhar alguns inimigos, mas NÃO TENHO MEDO! A defesa dos valores da cidadania e o desejo de uma vida melhor para os nossos filhos em Góis, faz-me falar. "Em política não vale tudo". Eu diria que a política não vale nada, porque está a contribuir para que os cidadãos não votem, não reconheçam legitimidade, nem capacidade aos governantes.
Se a D Maria Helena Moniz confia "no discernimento das gentes da minha terra que tal como eu, defendem valores como a justiça, o rigor, a transparência e a competência.", então eu e todos os Goienses temos de nos revoltar e dizer de alta voz: CHEGA!
Os actuais dirigentes políticos do PS e do PSD, os seus vereadores e especialmente o Presidente da Câmara, têm de se entender, unir e lutar por uma causa comum: o desenvolvimento do concelho. Se não conseguirem, se não tiverem capacidade, nem determinação, só lhes resta uma saída: sair de cena!
Assim vejo o quotidiano Goiense. Um navio que se afundou e bateu no fundo. O comandante e os tripulantes têm de tomar a decisão. Querem que os passageiros se afundem também? Será que os passageiros já não estão fartos desta situação? Existem mais barcos neste oceano... A discussão sobre a extinção de concelhos falidos e falhados já começou e os bons exemplos de governabilidade dos nossos vizinhos da Pampilhosa da Serra, da Lousã e de Arganil, faz-nos pensar a nós cidadãos que talvez estas ideias não sejam tão descabidas, dada a complexidade da situação política caseira.
Vamos ter governantes e políticos capazes para levar o navio à superfície? Vamos ter cidadãos prontos para lutar pela não extinção do nosso concelho?
Góis, 14 de Fevereiro de 2007
Paulo Silva
in O Varzeense, de 28/02/2007
Há 9 anos deixei a cidade, larguei tudo e com a minha companheira fixei-me em Góis, local onde não tinha raízes, emprego, casa ou amigos. Góis seduziu-me pelas belezas naturais, pelo sossego, mas também pelo dinamismo que tinha, pelo apoio que era dado aos jovens, pela diversidade cultural que apresentava. Estabeleci laços de amizade, recenseei-me, nasceu o nosso filho, adquiri uma casa, criei uma empresa, aderi a diversos projectos e organizações de carácter cívico, ambiental e cultural.
Esta experiência permitiu-me conhecer muito bem a sociedade Goiense. Ao longo deste tempo, assisti a muitos acontecimentos e acções que não concordei. Sempre considerei a política um espaço obscuro, corporativo e pouco transparente, pelo que nunca me quis envolver. Mas, na presença dos factos que a seguir enumero, sinto-me impelido a intervir civicamente...
• O senhor Eng.º Diamantino apresentou a sua demissão 1 mês após as eleições. Até hoje nunca ninguém soube as razões. Foram de qualquer forma muito fortes, certamente;
• As eleições internas no PSD revelam as 2 listas com uma desavença pessoal insanável. Este partido raramente toma uma posição pública sobre qualquer tipo de assunto. Pergunto: para que serve a oposição? Onde estão, o que defendem e o que fazem os 2 vereadores do PSD?
• No PS por "contraponto" passa-se o mesmo. Existem 2 facções: a pró - Sr. Girão e a pró - Dr. Cabeças. Também estão desavindas, claro!
• Os 2 vereadores eleitos pelo PS estão em rota de colisão com o Presidente da Câmara. Relembro o caso do Orçamento da Câmara. Como é possível o Presidente da Câmara realizar sozinho um documento tão fundamental e estratégico como o Orçamento e Plano da autarquia? O Presidente diz que pediu ajuda. Os vereadores do próprio partido dizem que nem foram consultados!
• Os funcionários da Câmara Municipal dizem que o ambiente interno degradou-se. As discussões, os atropelos, as quezílias entre estes e a liderança autárquica são constantes. Em Góis tudo se sabe. É difícil manter segredos. Penso não ser o único que sabe o que se passa lá dentro. Porque é que nestes últimos 5 anos, tantas pessoas pediram licenças, baixas ou, pior ainda, passaram a andar cabisbaixas na rua?
• Quando há um ano e meio me envolvi numa recolha de assinaturas para alterar este status-quo, houve pessoas que disseram que não podiam assinar, porque tinham medo das represálias! Estamos num país da EU, em pleno séc. XXI, não vivemos no tempo da inquisição, nem do feudalismo!
• Todos lemos o artigo de opinião da cidadã Maria Helena Moniz: "O pleno exercício da democracia pressupõe a livre discussão, ou será que se prefere a paz podre do salão nobre em contraste com o clima do ódio nos corredores?" Todos sabemos o cargo que ela ocupa. Elogio a sua coragem política, tomando público o que de mal acontece dentro daquele edifício. Se ela se sentiu obrigada a algo, "O tempo em que todos eram obrigados a exprimir a mesma opinião, já pertence ao passado ditatorial", então quem a obriga? O Presidente da Câmara? O aparelho partidário? Que eu saiba ela é a n.º 2 do município, não é? Ou há mais alguém que se movimenta pelos bastidores?
Não estou contra ninguém. Sei que com este artigo vou ganhar alguns inimigos, mas NÃO TENHO MEDO! A defesa dos valores da cidadania e o desejo de uma vida melhor para os nossos filhos em Góis, faz-me falar. "Em política não vale tudo". Eu diria que a política não vale nada, porque está a contribuir para que os cidadãos não votem, não reconheçam legitimidade, nem capacidade aos governantes.
Se a D Maria Helena Moniz confia "no discernimento das gentes da minha terra que tal como eu, defendem valores como a justiça, o rigor, a transparência e a competência.", então eu e todos os Goienses temos de nos revoltar e dizer de alta voz: CHEGA!
Os actuais dirigentes políticos do PS e do PSD, os seus vereadores e especialmente o Presidente da Câmara, têm de se entender, unir e lutar por uma causa comum: o desenvolvimento do concelho. Se não conseguirem, se não tiverem capacidade, nem determinação, só lhes resta uma saída: sair de cena!
Assim vejo o quotidiano Goiense. Um navio que se afundou e bateu no fundo. O comandante e os tripulantes têm de tomar a decisão. Querem que os passageiros se afundem também? Será que os passageiros já não estão fartos desta situação? Existem mais barcos neste oceano... A discussão sobre a extinção de concelhos falidos e falhados já começou e os bons exemplos de governabilidade dos nossos vizinhos da Pampilhosa da Serra, da Lousã e de Arganil, faz-nos pensar a nós cidadãos que talvez estas ideias não sejam tão descabidas, dada a complexidade da situação política caseira.
Vamos ter governantes e políticos capazes para levar o navio à superfície? Vamos ter cidadãos prontos para lutar pela não extinção do nosso concelho?
Góis, 14 de Fevereiro de 2007
Paulo Silva
in O Varzeense, de 28/02/2007
2 Comments:
Concordo com quase tudo o que é dito.
Vamos todos nós Goienses ter de mudar a nossa maneira de pensar e actuar (votar). Vamos ter de passar a ser mais exigentes com aqueles que se vão servindo dos nossos votos para defender (será que defendem?) os nossos direitos e modos de pensar.
Góis vai ter de mudar e muito rapidamente, senão será tarde de mais.
O prpblema é que para muito já é tarde demais
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