sábado, 3 de março de 2007

Comareira


A Comareira, no concelho de Góis, é soalheira todo o dia. Chega-se à aldeia atravessando uma estrada florestal que serpenteia através de um frondoso bosque, para depois desaguar num cenário majestosamente amplo: um pequeno conjunto de casas debruçado sobre uma paisagem que se estende a perder de vista. O miradouro está lá para isso mesmo, para nos convidar a sentar e a inspirar aquela paz por todos os poros da alma. Só a música dos rebanhos, regressando do seu pasto diário, nos desperta do sonho. Seguimo-los para o interior da aldeia, acompanhando a pastora e ouvindo de viva voz as suas histórias. Apetece perdermo-nos pelos caminhos da serra que ela acabou de percorrer.
As casas parecem aninhadas umas nas outras para conservar o calor dos dias. Só a Casa Abrigo se eleva orgulhosa, sem receios das intempéries. Aqui é possível pernoitar num dos três quartos duplos baptizados com nomes de animais da serra: corço, raposa e coruja.
O interior prima pelo conforto e as janelas são verdadeiros postais paisagísticos. Num primeiro plano os olhos acompanham o labor diário dos habitantes cuidando das suas hortas. A aldeia é rodeada por inúmeras destas viçosas plantações de batata, couve e outros produtos. e logo à porta de casa é possível comprovar a sua frescura. Em redor do imóvel, a plantação é outra: estão espalhados diversos vasos com pequenas árvores autóctones devidamente identificadas, algumas em perigo de extinção, como o azereiro e o azevinho, provenientes do viveiro da Lousitânea. É possível acompanhar uma caminhada organizada por esta associação de amigos da serra, durante a qual poderá plantar, com as suas próprias mãos, estas espécies arbóreas em zonas sensíveis da serra.
A Comareira é um ponto estratégico para visitar, não só as outras Aldeias do Xisto da Serra da Lousã, mas igualmente para percorrer as praias fluviais do concelho: Peneda, Pé Escuro e Canaveias. As possibilidades de lazer são infinitas, nomeadamente escalar os penedos de Góis, embrenhar-se pelo Parque da Oitava ou, simplesmente, passear pelo simpático centro da vila.