sexta-feira, 2 de março de 2007

Regionalismo - A força dos homens com amor à terra

É do conhecimento geral a história do regionalismo. Homens que desenraizados das suas terras de origem se encontraram a ter que ganhar a vida a trabalhar na grande cidade e que sentiram necessidade de se encontrarem e assim convivendo entre si, quando tinham tempos livres, foram tomando consciência de que nas suas aldeias faltava o que de mais elementar é necessério à vida humana.
Coisas tão básicas como: distribuição de água ao domicílio, electricidade, saneamento básico, estradas de acesso às suas aldeias, eram uma miragem.
Fundaram Comissões de Melhoramentos, Ligas, Associações, que por sua vez se foram aos poucos agrupando em Casas Concelhias. Nessa época, a política era só a do partido único, mas esses Homens não queriam fazer esse tipo de política, queriam isso sim, melhorar as condições de vida nas suas aldeias e sempre com essa meta, com grandes sacrifícios e prejudicando as suas vidas pessoais, piqueniques, excursões, festas, reuniões à noite, pois durante o dia tinham que trabalhar, de tudo fizeram e na sua grande maioria conseguiram atingir muitos dos objectivos a que se propuseram. Muito deve o nosso Concelho a estas pessoas, pode ser que um dia lhes seja feita a devida homenagem, se bem que Eles não procuravam, assim como não procuram, honrarias ou benesses. Estes sim eram verdadeiros Autarcas sem vencimento, mas com um grande Amor às suas terras.
Empenhavam-se com alma e coração em todas as tarefas necessárias para conseguir mais uns escudos para a obra que tivessem em curso, pressionavam as entidades oficiais da época com vista a que o Estado contribuísse com uma parte. Como seriam as nossas aldeias se não tivessem surgido o Associativismo Regionalista?
Apesar de todas as transformações que sofreu a sociedade, o regionalismo felizmente continua vivo, debate-se hoje em dia com problemas completamente distintos dos doutras épocas, mas é uma força viva e actuante. É claro que, com o poder local democrático e eleito por sufrágio universal, a situação é agora completamente distinta, mas se no que a infra-estruturas diz respeito, as associações, hoje, podem ser um veículo de alerta para junto da Câmara Municipal informar e pressionar das neccessidades que cada aldeia tem em determinado momento, podem ser mais activas no quadro cultural e social. Quase todas têm, nas suas Terras, um espaço geralmente conhecido como "Casa de Convívio", há que saber tirar partido desses centros, talvez criar pequenas bibliotecas, espaços para jogos lúdicos, organizar eventos culturais, música, teatro, etc. O que é preciso é por a imaginação a trabalhar.
No nosso Concelho falta em quase todas as aldeias o saneamento básico, uma necessidade em todo o mundo, mas incompreensível num país europeu e que no século XXI, este ainda não é uma realidade. A EN342, que vergonha, percorro este país de lés a lés e em nenhum lado se vê estrada com tantos buracos como esta, quase completamente intransitável. A falta de uma rede de transportes que ligue todas as freguesias à sede do Concelho, estas são talvez tarefas que o movimento regionalista, poderia levar a cabo se conseguisse unir-se e falar a uma só voz e, ou em acções concertadas.
É claro que hoje há menos pessoas com disponibilidade e vontade para trabalhar a bem de todos e não ter contrapartidas, mas sempre vai continuando a haver os que trabalham para a Comunidade sem estarem à espera de obter qualquer lucro e são esses que vão continuar a grande epopeia do Regionalismo.
José Manuel Bandeira
in O Varzeense, de 15/06/2006

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pena é que por vezes sejam tão mal compreendidos pelos que detêm o poder (do dinheito claro e dos cargos que ocupam).
Bom seria que fossem incentivados e não ignorados como geralmente sucede.
Mas, força Goienses.
Este Concelho não morrerá, embora alguns por isso lutem.

03 março, 2007 22:17  

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