sábado, 20 de janeiro de 2007

Suave sobre o mar, de Abílio Bandeira Cardoso

Suave sobre os mares já sem marés
Espuma sem ondas, onde distante
De negras bandeiras vens triunfante
Num rosto calmo que esconde quem és

É negra a hora que marca o convés
Esquife das sombras que, num instante,
Lembram que apenas fui, … inquietante,
E nada mais há! Nem eu a teus pés…

E já nem no reflexo deste mar
Me consigo ver p’la ultima vez
Amortalhado de negro… talvez

Se ao menos me pudesse lembrar
De que fui já luz na espuma do mar
Ou raio de sol do sol que me fez…

Abílio Bandeira Cardoso