Pelos caminhos da Serra
Voltámos novamente à nossa aldeia escondida num profundo refego da Serra da lousã. Voltámos para participar no tradicional magusto que todos os anos se realiza. Vem sempre muita gente e a aldeia pequena volta a ter vida, calor e movimento. Um encanto!
Em Agosto passado a aldeia esteve em festa e o movimento, a alegria, o convívio encheram a alma de todos os participantes.
Agora em pleno Outono, e à volta dum monumental magusto, onde toda a gente em fraternal convívio saboreou as apetitosas castanhas assadas no largo da Eira.
As castanhas que carinhosamente nos oferecem os poucos castanheiros que restam dos incêndios e que existiam por montes, vales e outeiros em Ceiroquinho. E esses frondosos soutos onde existiam exemplares de castanheiros com seis e sete metros de perímetro e com mais de oito séculos de existência. Soutos velhinhos que já foram dizimados por três brutais incêndios e hoje, apesar dos destroços, ainda restam alguns exemplares que conseguiram sobreviver ao fogo.
Este património natural, tão valioso, hoje quase desfeito, e que as autarquias e o governo deviam preservar fazendo nestas zonas da Serra uma área protegida onde a mancha de castanheiros, ervideiros, desfolhados e outras árvores e arbustos característicos da Serra da Lousã existem.
Os diversos governos e autarquias e principalmente os Serviços Florestais (nunca soubemos verdadeiramente o que estes Serviços fazem em prol da floresta) não deviam fazer o cadastro da flora, da fauna, das nascentes, etc., etc. de todo o património natural de toda a Serra da Lousã?!...
Nunca nos conformaremos com esta incúria, com este desprezo, com este desleixo pelo património natural que a todos pertence.
Enquanto tivermos voz gritaremos aos quatro ventos, às mentes surdas deste país e havemos de agradecer e homenagear sempre os homens bons, que há muitos séculos plantaram estes frondosos castanheiros, para seu alimento, e dos seus descendentes século após século.
Escrever para nós é um prazer e também é dor, porque quando escrevemos assuntos que entristecem a nossa alma e que ferem a nossa sensibilidade, quando verificamos, a incúria, o desleixo, a ingratidão e o desprezo pelas coisas belas e grandiosas que nos cercam, que nos são queridas, os nossos olhos não conseguem reter algumas lágrimas de dor e sofrimento...
Abalámos novamente para a cidade, deixámos a nossa soberba Serra da Lousã carregados dum penoso e saudoso adeus.
António Jesus Fernandes
in A Comarca de Arganil, de 19/12/2006
Em Agosto passado a aldeia esteve em festa e o movimento, a alegria, o convívio encheram a alma de todos os participantes.
Agora em pleno Outono, e à volta dum monumental magusto, onde toda a gente em fraternal convívio saboreou as apetitosas castanhas assadas no largo da Eira.
As castanhas que carinhosamente nos oferecem os poucos castanheiros que restam dos incêndios e que existiam por montes, vales e outeiros em Ceiroquinho. E esses frondosos soutos onde existiam exemplares de castanheiros com seis e sete metros de perímetro e com mais de oito séculos de existência. Soutos velhinhos que já foram dizimados por três brutais incêndios e hoje, apesar dos destroços, ainda restam alguns exemplares que conseguiram sobreviver ao fogo.
Este património natural, tão valioso, hoje quase desfeito, e que as autarquias e o governo deviam preservar fazendo nestas zonas da Serra uma área protegida onde a mancha de castanheiros, ervideiros, desfolhados e outras árvores e arbustos característicos da Serra da Lousã existem.
Os diversos governos e autarquias e principalmente os Serviços Florestais (nunca soubemos verdadeiramente o que estes Serviços fazem em prol da floresta) não deviam fazer o cadastro da flora, da fauna, das nascentes, etc., etc. de todo o património natural de toda a Serra da Lousã?!...
Nunca nos conformaremos com esta incúria, com este desprezo, com este desleixo pelo património natural que a todos pertence.
Enquanto tivermos voz gritaremos aos quatro ventos, às mentes surdas deste país e havemos de agradecer e homenagear sempre os homens bons, que há muitos séculos plantaram estes frondosos castanheiros, para seu alimento, e dos seus descendentes século após século.
Escrever para nós é um prazer e também é dor, porque quando escrevemos assuntos que entristecem a nossa alma e que ferem a nossa sensibilidade, quando verificamos, a incúria, o desleixo, a ingratidão e o desprezo pelas coisas belas e grandiosas que nos cercam, que nos são queridas, os nossos olhos não conseguem reter algumas lágrimas de dor e sofrimento...
Abalámos novamente para a cidade, deixámos a nossa soberba Serra da Lousã carregados dum penoso e saudoso adeus.
António Jesus Fernandes
in A Comarca de Arganil, de 19/12/2006
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