Os altares laterais da Igreja Matriz de Góis
Igreja de Nossa Senhora da Vila de Góis, era assim que D. Luís da Silveira se lhe referia, edificando-a como panteão dos Silveiras. Uma Igreja, das mais belas da Beira, que já passou por algumas transformações ditadas pelo tempo e pelos homens. Uma igreja que, conhecida nas faculdades de arquitectura como a "igreja dos 3 mestres" aludindo aos mestres presentes no seu traço e construção (Diogo de Castilho, João de Ruão (ou Nicolau Chanteréne) e Hodart). Viu nascer, baptizar, casar e enterrar todos os que vieram antes de nós. Viu até nascer e baptizar alguém que ascendeu aos caminhos da santidade: Beato Afonso da Silveira, Mártir, cujo culto não se enraizou na localidade, talvez porque "santos da terra não fazem milagres", e, infelizmente, na nossa terra sempre se deu mais importância a "santos" vindos de fora.
Já no início do século XVIII (1721), inventariavam-se como obras de arte (informações do Pároco de Goes à Academia Real da História) os altares colaterais ao arco grande da igreja. Esses altares só foram arrancados, a descontento da população, na década de 60, por ordem (discutível) de uma entidade (IPPAR) que entendia que tudo o que não fosse original nos templos deveria sair, negando-nos a nossa história e a evolução dos lugares retirados e, felizmente, graças ao zelo da população e fábrica da igreja, arrecadados, passando por várias arrumações. Se o destino dado aos altares foi zeloso, já não será, por maior boa vontade que tenhamos, digno.
Se a minha geração apenas os lembra de fotografia, as gerações mais novas jamais os lembrarão. Parece-me, então, que é chegada a hora de repor uma situação que jamais deveria ter ocorrido, dando um destino digno a essas peças, recolocando-as no seu local original. São altares com, pelo menos 300 anos de história e orações, são altares que vestem uma igreja que ficou "nua", serão altares que nas arrumações por onde têm passado, poderão gritar-nos o mesmo que está escrito no livro de horas que está frente à estátua orante de D. Luís da Silveira "Domine, labia mea aperies et os meum annunciabit laudem tuam. Deus in audiutorium meum intende, Domine, ad adjuvandum me festina", o que quer dizer: "Senhor, abre os meus lábios e a minha boca anunciará o teu louvor. Senhor, vinde em meu aixilio, Senhor, a auxiliar-me depressa." Vamos auxiliar esses altares, impedindo que um dia tal já não seja possível.
Abílio Manuel Bandeira Cardoso
in O Varzeense, de 30/09/2006
Já no início do século XVIII (1721), inventariavam-se como obras de arte (informações do Pároco de Goes à Academia Real da História) os altares colaterais ao arco grande da igreja. Esses altares só foram arrancados, a descontento da população, na década de 60, por ordem (discutível) de uma entidade (IPPAR) que entendia que tudo o que não fosse original nos templos deveria sair, negando-nos a nossa história e a evolução dos lugares retirados e, felizmente, graças ao zelo da população e fábrica da igreja, arrecadados, passando por várias arrumações. Se o destino dado aos altares foi zeloso, já não será, por maior boa vontade que tenhamos, digno.
Se a minha geração apenas os lembra de fotografia, as gerações mais novas jamais os lembrarão. Parece-me, então, que é chegada a hora de repor uma situação que jamais deveria ter ocorrido, dando um destino digno a essas peças, recolocando-as no seu local original. São altares com, pelo menos 300 anos de história e orações, são altares que vestem uma igreja que ficou "nua", serão altares que nas arrumações por onde têm passado, poderão gritar-nos o mesmo que está escrito no livro de horas que está frente à estátua orante de D. Luís da Silveira "Domine, labia mea aperies et os meum annunciabit laudem tuam. Deus in audiutorium meum intende, Domine, ad adjuvandum me festina", o que quer dizer: "Senhor, abre os meus lábios e a minha boca anunciará o teu louvor. Senhor, vinde em meu aixilio, Senhor, a auxiliar-me depressa." Vamos auxiliar esses altares, impedindo que um dia tal já não seja possível.
Abílio Manuel Bandeira Cardoso
in O Varzeense, de 30/09/2006
Etiquetas: abílio cardoso, d. luís da silveira, góis
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