Folhas Soltas de Cadafaz
Pensar em Cadafaz como uma freguesia pobre, talvez seja falta de ponderação ou conhecimento de todos os valores naturais de que foi dotada pela natureza quer ambiente, fauna, flora, solo propício a quase todo o género de cultura além de rocha, mineralogia e abundância de água, entre outros. Porém que nos leva a crer é que só os nossos primeiros povoadores, uns por curtos períodos outros mais, tiveram a plena consciência do seu aproveitamento, explorando e construindo de modo a beneficiar dos seus recursos. Embora, nos séculos seguintes os grandes "senhores", usufruindo do trabalho servil, dessem continuação à expansão de terras de cultivo, moinhos, lagares, fábricas e estradas, estas já de origem muito avançada, dos romanos, pelas quais ainda hoje conseguimos circular em algumas apesar da sua má conservação. Mas a verdade é que a partir do séc. XIX-XX, pouco tem sido defendido o espólio encontrado, e daí o seu quase desaparecimento. Se por falta de meios disponíveis, indiferença ou pouca sorte, visto que têm surgido grandes oportunidades e grandes expectativas, mas, tal como o fumo, desaparecem no horizonte. Se recuarmos um pouco no passado não muito distante desta freguesia, verificamos por exemplo: na época do minério teve esta freguesia exploração em pelo menos quatro minas das quais extraíram ouro, prata, casseterite, estanho e volfrâmio, onde trabalharam muitos homens e mulheres desta povoação. Porém se eram pobres, mais pobres, cansados e explorados ficara, nem eles nem na sede de freguesia ficou algo que memorize essa época, a não ser tristes histórias verídicas. Também a indústria de madeira foi sempre uma fonte de rendimento para a freguesia, a exploração de madeira de pinho, castanho, cortiça, resina e hoje mais, o eucalipto que se tornou rei nos terrenos outrora cultivados e que, portanto, deviam ser uma fonte de receita comunitárias, não é o que acontece. Actualmente os donos já não são donos não se sabe quem é beneficiado; o que se verifica é terrenos em amálgama, estradas caóticas com a circulação de pesados camiões. No entanto os locais florestais também tinham outro rendimento dos baldios, o mato de moita cuja torga (cepa) era vendida em arrematação para carvão, cujo dinheiro revertia para a Junta de Freguesia. Mas também hoje os baldios já não são baldios constituíram-se Compartes e nem sequer se verifica aproveitamento; com o aspecto das inovadoras lavragens ficam pedras soltas onde dificilmente as raízes têm hipótese de sobrevivência vegetal. Quanto à grande variedade de rocha existente nesta zona também, a não ser os nossos antecessores deixando-nos um valioso património em casas de xisto, presentemente é pouco explorada a não ser em negócios particulares e que é absurdo não ser antes aproveitada na recuperação dos imóveis em degradação da freguesia, criando até hipótese de cursos jovens em alvenaria visto que ainda temos grandes artistas desta profissão. E se nos debruçarmos sobre o assunto do precioso líquido, a água, também aqui se verifica uma real desatenção. As nascentes desaparecem no meio da vegetação e terrenos incultos, inclusive a abertura de estradas desviam o seu percurso, os ribeiros deixam de ser limpos, a água que bebemos é imprópria ou com alto teor de desinfectantes aliada à pesada taxa municipal por um bem que brota do solo onde vivemos. É, de certo modo, uma grande falta de deferência para com as comunidades que ainda tentam resistir nas aldeias. Isto já pouco falando dos engenhos hidráulicos que se deixaram perder ao longo dos maiores cursos de água. Restam nesta povoação dois moinhos e um lagar que poderiam ser de alguma utilidade ou apenas mostra turística, de acordo com os donos. No entanto nada se fez e nem sequer demover a indiferença aos apelos feitos aas entidades representantes.
Mas... a partir de 1996 mais uma nova e lucrativa oportunidade voltou a surgir em Cadafaz - a Energia Eólica - sendo esta freguesia a primeira do Concelho onde foi instalado este projecto inovador. Várias promessas, muitas esperanças quem sabe até de nos ser fornecida energia eléctrica mais económica, o que seria muito significativo dos seus responsáveis e valorização da freguesia. No entanto, tal como as outras expectativas, decorridos 14 anos, como obra feita surge uma escavação, dizia-se para imóvel ao serviço dos Compartes mas que hoje está um estaleiro. Quanto a benefícios provenientes desse recurso parece que pequenas migalhas para muitos bicos, nada de memorável tal como do minério.
CONCLUSÃO: Perante estes e outros bens não aproveitados, é preocupante pensar se vivemos numa freguesia pobre! Mas partiremos na Esperança que daqui a muitos anos venham novos povoadores e recuperem o que nós deixamos perder ou destruir...
A. Silva
in Jornal de Arganil, de 6/08/2009
Mas... a partir de 1996 mais uma nova e lucrativa oportunidade voltou a surgir em Cadafaz - a Energia Eólica - sendo esta freguesia a primeira do Concelho onde foi instalado este projecto inovador. Várias promessas, muitas esperanças quem sabe até de nos ser fornecida energia eléctrica mais económica, o que seria muito significativo dos seus responsáveis e valorização da freguesia. No entanto, tal como as outras expectativas, decorridos 14 anos, como obra feita surge uma escavação, dizia-se para imóvel ao serviço dos Compartes mas que hoje está um estaleiro. Quanto a benefícios provenientes desse recurso parece que pequenas migalhas para muitos bicos, nada de memorável tal como do minério.
CONCLUSÃO: Perante estes e outros bens não aproveitados, é preocupante pensar se vivemos numa freguesia pobre! Mas partiremos na Esperança que daqui a muitos anos venham novos povoadores e recuperem o que nós deixamos perder ou destruir...
A. Silva
in Jornal de Arganil, de 6/08/2009
Etiquetas: cadafaz
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