terça-feira, 25 de novembro de 2008

A nossa querida e centenária vila de Alvares

Já em 1953 o ilustre pedagogo professor Anselmo dos Santos Ferreira, um dos mais ilustres e importantes jornalistas, escritores e poetas da Vila de Alvares lutava com a sua pena para que a vila de Alvares fosse visitada por muitos turistas. Por isso escreveu muitos versos em que exaltava as belezas desta terra, como o que se segue:
"Fazia turismo em Alvares
Farta de água e verde pinho
Ide ver o Pelourinho
E ouvir canções populares".
Ser uma terra de turismo, depende de todos nós, residentes e ausentes. Se na verdade todos fizermos algo por ela poderíamos torná-la mais conhecida.
Apesar das mal feitorias que ao longo dos anos tem sofrido como por exemplo o terem demolido o edifício da Câmara Municipal. O edifício da Câmara Municipal era composto por uma sala ampla no 1.º piso onde se faziam as reuniões camarárias e nos rés do chão era composto por divisões que serviam de cadeia, uma para homens, outra para mulheres. Durante muitos anos serviu de Escola Primária e mais tarde de posto clínico do partido médico de Alvares.
Outra mal feitoria foi retirarem da Igreja dois altares de talha dourada do séc. XVII e deixarem-nos apodrecer de baixo das oliveiras junto da Igreja.
Outra mal feitoria foi tirarem quase todas as cantarias das janelas e das portas da Igreja e substituírem-nas por cimento.
Ainda outra mal feitoria foi danificarem o Pelourinho, sinal de poder judicial.
Mas apesar de todas estas malfeitorias que tem sofrido ao longo dos anos, a vila de Alvares ainda tem muitas coisas belas, algumas com muitas centenas de anos, que podemos e devemos, como bons Alvarenses, divulgar e mostrar aos turistas que nos visitam:
1) Temos uma fotocópia, na Junta de Freguesia, do foral, dado pelo Rei D. Manuel I, datado de 1514, pelo qual é criado o concelho de Alvares. O concelho de Alvares era constituído pela freguesia de Alvares e pela freguesia da Portela do Fojo. O rei D. Manuel I com o foral também concedeu à vila de Alvares o Pelourinho, símbolo do poder judicial.
O rei D. Dinis, em Setembro de 1281, portanto há 727 anos, concedeu à freguesia de Alvares o primeiro foral, concedendo-lhe muitas regalias, e regulava a administração da Universidade de Coimbra. Pelo exposto, chega-se à conclusão de modo exacto, de que em referência à vila de Alvares, ainda existem os seus nobilitantes pergaminhos - os forais - o antigo e o novo, que muitas terras, muito mais importantes, não têm a honra de possuir para glória sua, perpétuamente.
2) O Pelourinho de estilo manuelino, como já dissemos, dado pelo rei D. Manuel I, em 1514 e que colocado em frente ao edifício da Câmara Municipal, simbolizava o poder judicial. Infelizmente também foi muito mal tratado.
Hoje encontra-se ao fundo da vila no largo por detrás da Capela de São Sebastião composto apenas por uma coluna de pedra, esperando pela sua restauração.
3) Igreja Matriz do séc. XVII, de traça Filipina. A porta principal tem data de 1616, mas esta data deve ser de uma reconstrução efectuada nessa data, pois pelo menos em 1086 já havia em Alvares esta ou outra Igreja Matriz, porque um documento anónimo, que se encontra no arquivo da Universidade de Coimbra, intitulado Catálogo dos Priores Perpétuos do Antigo Mosteiro de Folques, antes de se unir à congregação de Santa Cruz, dá-nos informação preciosa acerca da freguesia de Alvares.
Entre muitas informações valiosas diz-nos que o mosteiro de São Pedro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, foi fundado em Arganil, junto ao rio Alva em 1086 por São Goldrofé.
Mais tarde, em 1190, por se encontrar em muito mau estado de conservação, foi transferido para a mata de Folques, onde São Goldrofé se encontra sepultado no altar mor. Até 1472 o Prior do mosteiro tinha o título de conde de Arganil, mas esse título conde foi dado ao Bispo de Coimbra, D. João Galvão e o então prior do Convento de Folques, D. Manuel Pires da Silva foi obrigado a deixar a jurisdição secular que tinha em Arganil, que passou para o Bispo de Coimbra. Ainda há poucos anos os Bispos de Coimbra usavam esse título nos documentos saídos da cúria Diocesana F. T. Bispo de Coimbra, conde de Arganil, etc.
Esse documento que se encontra no arquivo da Universidade de Coimbra tem outras coisas muito interessantes à cerca da Freguesia de Alvares. Por exemplo diz que os Reis D. Afonso V, em 1472 deu ao Prior do Mosteiro de Folques, D. Miguel Pires da Silva, o título de Conde da vila de Alvares e Senhor da vila de Fajão.
4) Capela de São Sebastião. Foi restaurada em 1804. O retábulo é do séc. XVII, formado por quatro pilastras decoradas. Ao centro encontra-se a imagem de São Sebastião, em pedra, do séc. XV, que foi há poucos meses restaurado pelos artistas de Arganil Patrícia Ventura e Ana Pino. Do lado direito está a imagem de Santo António, vestido de frade Franciscano do último quartel do séc. XVI. Em Portugal há poucas imagens de Santo António vestido de frade Franciscano.
Do lado direito tem também a imagem de São Romão, em calcário.
5) Museu Paroquial de Arte Sacra. Este museu pode admirar-se num salão da Igreja Matriz. Tem cerca de 200 peças, algumas muito antigas e de grande valor artístico, vindas de todas as capelas da freguesia. Lá está todo o arquivo paroquial, missais desde do séc. XVII e muitos documentos em pergaminho.
A Junta de Freguesia também tem um pequeno arquivo da Freguesia desde 1855.
6) Museu - Casa do Ferreiro. O Museu Casa do Ferreiro foi criado pela Comissão de Melhoramentos com a ajuda da Câmara Municipal e da ADIBER em 2002. Tem duas divisões. Numa está a oficina do ferreiro com a forja e todos os outros apetrechos necessários a um ferreiro. A outra sala tem vários objectos antigos expostos. O último ferreiro foi o Sr. Acácio Fernandes.
7) Ponte Filipina, sobre a ribeira do Sinhel, formada por dois arcos semicirculares com dois contra fortes.
8) Ruínas da Fábrica de Burel onde até 1954 trabalharam tantos Alvarenses. Era do Sr. Manuel Barata Lima. Ainda se encontra de pé a chaminé da fábrica, que até podia ser o "ex-libris" de Alvares.
9) Os cinco fontanários construídos pela Comissão de Melhoramentos e inaugurados a 31/08/1952, apenas cinco anos após a criação da Comissão de Melhoramentos, aquando da inauguração da Escola Primária. Os fontanários têm quadros dr Sr. Prof. Anselmo dos Santos Ferreira.
10) Santuário de Nossa Senhora de Fátima, à entrada do lugar, mesmo em frente ao quartel dos Bombeiros, junto à estrada N.º 2, onde muita gente pára para ver e rezar à Nossa Senhora de Fátima. Este pequeno monumento foi inaugurado em 31/05/2003.
11) Busto do Primeiro Presidente da Comissão de Melhoramentos, Sr. Aires Dinis, erigido em 1997, quando a Comissão de Melhoramentos celebrou o quinquagésimo aniversário da sua fundação.
12) Monumento ao resineiro, inaugurado com muito brilho e na presença de muitos Alvarenses e amigos, no dia 12/04/2008. Este monumento foi executado pelo artista plástico Sr. Camarro, artista muito conhecido no centro do país e também no estrangeiro.
13) Lar e Centro de Dia São Mateus. Foi inaugurado em 26/01/2005. Foi construído e equipado pelo povo da freguesia de Alvares e por muitos amigos. É um autêntico "hotel" de cinco estrelas, onde estão cerca de 40 utentes do Lar e Centro de Dia e onde as 21 crianças da Escola Primária vão almoçar. Também é digno de uma visita.
14) Praia Fluvial - As obras da praia fluvial já foram iniciadas o ano passado e têm três espelhos de água bastante grandes. Mas ainda falta muito para atrair mais gente muito mais gente a Alvares, principalmente no Verão.
15) Falta-nos uma residencial. Esperamos que grande benemérito da Igreja Matriz e da vila de Alvares, já no próximo ano, tenha construído uma residencial e um restaurante. Esse bom homem, amigo da Igreja Matriz e da vila de Alvares é o Sr. João Coelho. Também irá reconstruir e construir algumas vivendas em Alvares.
Meus amigos para que Alvares seja uma terra de turismo e seja visitada por muita gente depende de todos nós, residentes e ausentes. O que fazer?
Padre Ramiro Moreira
in O Varzeense, de 15/11/2008

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