quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Para a história do Santuário de Nossa Senhora da Candosa


Na nossa terra há datas de acontecimentos e pessoas que são recordadas por estarem na memória dos Varzeenses mas que estão sujeitos a serem esquecidos por não terem sido gravados ou escritos.
Na década de 60, o Sr. Dr. Armando Simões, através das notícias de Vila Nova do Ceira, coluna do Jornal de Arganil, foi marcando algumas dessas datas e acontecimentos que por muitos já foram esquecidos.
É nosso propósito ir recordando, aumentando e actualizando muitas dessas efemérides baseados nas já publicadas pelo nosso ilustre Dr. Armando.
Vamos lá recordar para a história das Várzeas:
No dia 15 de Agosto de 1898 foi inaugurada a actual capela de Nossa Senhora da Candosa, que teve a presença da grande benfeitora Dona Ana Vitória Barata de Figueiredo, que contribuiu com 300 mil réis, verba muito importante para a época.

Esta boa Senhora residia em Coimbra e tinha-se afastado das Várzeas, que tanto amava, por uma questão de heranças.
Vinha acompanhada de seu sobrinho, Dr. Diogo Barata Cortês, para Lousã ou Serpins, por caminhos pedregosos e barrentos pois naquele tempo não havia estrada, mas apenas carreiros e trilhos de carros de bois.
Em Quatro Águas estavam à sua espera as comissões e as pessoas mais importantes das Várzeas com a Junta de Paróquia que a 3 de Maio de 1896 lhe tinha sido atribuído um voto de louvor.
Na sacristia da Capela foi afixado um quadro, que ainda lá está, com o seu retrato e com o nome de alguns beneméritos que ajudaram com as suas dádivas a completar a quantia necessária para erguer o templo.
A nova imagem da Virgem tinha sido oferecida em 1883 pelo varzeense Francisco Simões Carneiro, que tinha ido para Lisboa com nove anos e nunca mais voltou à sua terra e onde por seu trabalho e inteligência fez fortuna, foi deputado e Par do Reino.
Viveu de 1826 a 1883 e doou a imagem, porque a que havia já na altura estava carunchosa com pintura em mau estado sem reparação possível.
Esta imagem foi colocada num nicho, quando na década de 30 se fizeram as obras dos arruamentos, escadarias e mirantes com verbas das Obras Públicas por empenho do Dr. Torres Garcia.

Em 1926, a Comissão de Festas meteu ombros a abrir uma estrada desde a que vai para Serpins até à Capela velha que ficava mais ou menos onde hoje se monta a quermesse em dia de Festa.
A festa devido ao mau tempo foi fraca e com as despesas de abrir a estrada deu um grande prejuízo que custou a cada mordomo que eram: Júlio Muniz Carneiro e Manuel Leal, da Murtinheira, Domingos Barata e Ângelo Marta, do Cerejal e Serafim de Matos, da Várzea Grande, a importância de 800$00 conforme recibo que ainda possuo.
Com a inauguração da nova capela, as festas passaram a ser mais importantes, o que levou as famílias de Joaquim da Costa Garcia, Comendador Monteiro Bastos, José Barata Rodrigues e Barão de Vila Garcia e construírem ali casas para onde iam alguns dias antes da festa e ali recebiam os amigos e familiares e conviviam uns com os outros. Havia também a capela velha e a hospedaria que servia de abrigo aos pedintes que andavam por esta zona e onde havia uma lareira e alguns catres para se deitarem e com lenha e caruma para acenderem uma fogueira e se aquecerem.
Essas casas, que se podem ver ainda no painel que o Dr. Fernando Mandou reproduzir de uma fotografia, na Fábrica Aleluia, de Aveiro, onde a fui buscar, com ele, foram arrasadas, aquando das obras pelos anos trinta e seis ainda por projecto das obras do Ministério das Obras Públicas.


Muitas pessoas boas dedicaram à Candosa o seu saber, o seu trabalho e o seu tempo desde há muitos anos, o que torna necessário que sejam lembradas, o que iremos procurando fazer sempre que possível.
Matos Cruz
in O Varzeense, de 15/11/2007

Fotografias de Paulo Afonso

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