A Água em Vila Nova do Ceira

Um elemento fundamental à vida tem sido factor de descontentamento em Vila Nova do Ceira. De qualidade duvidosa, turva e mal cheirosa, a água tem faltado com frequência, nas torneiras da nossa casa, provocando inconvenientes, revoltas e algumas lamentações.
As donas de casa queixam-se que a roupa branca sai castanha da máquina de lavar; canalizações antigas rebentam devido ao excesso de pressão da rede (9 quilogramas na zona do Adro); electrodomésticos e esquentadores avariam por causa da alta pressão; e aquando das festas das motos, devido ao elevado número de visitantes, a poluição aumenta diminuindo bastante a qualidade da água, ao ponto de algumas pessoas se recusarem a cozinhar com ela. Há casos de náuseas, vómitos, diarreias e pessoas a ficarem doentes, como um casal com filhos que aqui passaram férias e que tiveram que regressar, com urgência, a Lisboa, onde tiveram que ser internados, num hospital.
A população tem protestado e há até quem fale mesmo em não pagar a factura da água, ou ainda, boicotar as próximas eleições.
Outros dizem que isto serve de preparação para melhor se aceitar a privatização que se avizinha, porque a água é um grande negócio.
Tudo isto devido ao facto do poço da captação ficar muito perto do rio e ter uma espécie de "dreno" que, por vezes, entope. Tal é o elevado estado de impurezas que por ali andam.
Quando no Inverno o rio enche, o "dreno" e o poço ficam alagados com as "cheias" e as infiltrações poderão ser muito perigosas. É um problema de saúde pública que é urgente resolver.
Em tempos, falou-se num projecto de captação de água na ribeira da Pena, junto ao Penedo, que à partida dava uma melhor garantia de qualidade, quantidade e preço. Porém, segundo consta, esse projecto foi abandonado, em prejuízo das populações.
Sei que, com esta crónica - opinião não estou a prestar um bom serviço ao turismo, mas para evitar males maiores, não posso, nem devo, ficar calado.
Já basta outras poluições radioactivas e mal cheirosas, que por cá andam, a estragar a qualidade de vida de todos nós.
Rodrigues Neto
in O Varzeense, de 30/09/2007