terça-feira, 5 de junho de 2007

Imigração clandestina - um cenário preocupante

Sobre a imigração em Portugal, há actualmente no domínio do senso comum na opinião pública, vários casos e ideias correntes, de que vem aumentar o desemprego, engrossar o caudal do crime e desgastar a Segurança Social, o que poderão ou não ser erros de cálculo ou conceitos falsos.
Com efeito, o que pensamos sobre esta problemática tem a ver com o enquadramento técnico e científico de uma adequada legislação referente à matéria em causa, porque o que importa é o poder político ser rigoroso e sério na procura da verdade para além das ilusões de óptica.
Isento de conceitos de xenofobia, mas sim numa atitude de acolhimento solidário, social e humano em relação àqueles que procuram o nosso país como segunda Pátria, deveria ser feito melhor controlo por parte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, considerando que se torna indecoroso a concentração de imigrantes nos grandes centros urbanos, onde obviamente, em vários casos que estão à luz do dia, para sobreviverem são obrigados a mendigar, outros a entregar-se à delinquência, contrastando com uma integração digna na nossa sociedade com direitos, deveres e garantias nas várias áreas sociais o que iria ao encontro do que algumas forças políticas preconizam só na teoria, claro.
O que está em jogo na diversidade desta temática, é a falta de uma política de descentralização para o interior do país com condições sociais que levariam alguns emigrantes ali fixar residência. Lembramos, como exemplo, um caso de onde se poderão tirar ilações e passa-se na aldeia onde nasci. Coelhosa, freguesia de Alvares, que como outras da Beira Serra está marcada pela desertificação, mas ainda assim é uma das poucas que se sente honrada por ser escolhida por imigrantes para lá iniciarem um ciclo de vida. Trata-se de um casal holandês e dois filhos, que há quatro anos ali investiram na compra de uma casa e uma terra de cultivo cujo chefe de família tem a profissão de carpinteiro, embora seja uma arte pouco rendosa naquela área. O filho mais velho frequenta o ensino primário na sede de freguesia a 8 quilómetros de distância, mas receia que a escola venha a fechar, conforme já se fala, considerando que agora tudo é possível para o lado negativo com a agravante de a próxima estar na sede do concelho, a 30 quilómetros de distância.
Conforme nos disse o simpático imigrante, há outros compatriotas que pretendem vir residir naquela aldeia, servida por boa estrada, luz eléctrica e água ao domicílio, mas deparam-se com o dilema do ensino escolar dos filhos.
Na realidade, quando se estão a fechar escolas e urgências na saúde, contradiz em larga escala o conceito de que somos um país acolhedor e que todos os estrangeiros são bem vindos. Deixa-os vir, mas dêem-lhes condições de vida.
R.L.A.
in A Comarca de Arganil, de 5/06/2007

Etiquetas: ,