sábado, 9 de dezembro de 2006

Ponte sobre o rio Ceira

A ponte da vila de Góis foi mandada edificar por D. João III em 1533, como atesta o alvará editado pelo monarca a 20 de Abril desse ano, onde afirma que encarrega Simão Fernandes, escudeiro-mor da vila de Recardães, de "Veador [da obra] e Recebedor do dinheiro da pomte que tenho mandado fazer na Villa de Guoes" sobre o rio Ceira, onde até então se atravessava o rio a vau. Dois anos antes iniciara-se a edificação da igreja matriz da vila, patrocinada por D. Luís da Silveira, que contratou Diogo de Castilho para realizar o projecto. Na oficina do mestre estava integrado um jovem arquitecto, Diogo de Torralva, que executava nesta vila beirã a primeira obra documentada da sua carreira.
A ponte, que até meados do século XIX foi designada por Ponte Real, é formada por três arcos apontados, apresentando forma de quilha. O arco do meio possui maior vão e altura que os restantes, ostentando nas guardas a jusante relevo com escudo nacional ladeado por cruzes de Cristo encimando esferas armilares. O aparelho murário é de silharia regular, com marcação nos extradorsos dos arcos da implantação do cimbre. Em 1868 a ponte foi calcetada de novo, o que originou a elevação do pavimento em 10 centímetros, e lhe conferiu a forma abaulada que possui actualmente, sendo também elaborados passeios laterais.
Possivelmente Diogo de Castilho foi o responsável pelo projecto da ponte joanina, uma vez que neste ano, quando o arquitecto se mudaria definitivamente para Coimbra, a sua oficina prosseguia as obras de edificação da matriz, e executava alguns projectos de construção de casas senhoriais na vila, como o palacete dos Silveiras, que acabaria por desaparecer.

Imóvel de Interesse Público, através do Decreto 735/74, DG 297, de 21-12-1974 e Dec. nº 95/78, DG 210, de 12-09-1978

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