domingo, 12 de novembro de 2006

Alminhas - Altares do caminho

Já alguma vez parou para pensar no significado daquelas pequenas esculturas de pedra que por vezes encontramos nos cruzamentos ou nas bermas das estradas do concelho de Góis, e não só, e que se designam por Alminhas?
Com mais ou menos valor artístico, este património não pode ser desvalorizado ou subjugado à indiferença. A sua existência materializa o lado espiritual de ser humano e comprova a crença deste na vida para além da morte, no Purgatório, na dialética do Bem versus Mal.
As Alminhas são fruto de todo um conjunto de medidas tomadas pela Igreja, no século XVI, no sentido de combater as heresias que ameaçavam o seu poder e punham em causa os seus pricípios. As inúmeras Confrarias das Almas surgidas nesta altura revigorariam este culto, que passou então a ser um dos temas preferidos tanto na arte erudita, como na popular. As Alminhas, tal como hoje se conhecem, são uma adaptação do povo aos painéis consagrados à representação do Purgatório, que se encontram nas igrejas e lugares sagrados. A sua função está claramente associada à fé, à religiosidade. Todas elas procuram despertar a piedade religiosa por aqueles que penam no Purgatório. Eventualmente, podem também assinalar e rememorar um acontecimento trágico (assassínio, suicídio, acidente) ou perpetuar a gratidão por uma graça concedida ou ainda assinalar o percurso das procissões funéreas. Daí que os mais velhos se recordem ainda do respeito que lhes foi incutido por este verdadeiros altares do caminho. Várias pessoas não esquecem que tinham de proferir o «Padre-nosso» e a «Ave-Maria» quando passavam pelas Alminhas. Estas encontram-se, normalmente, nas bermas das estradas, nos cruzamentos dos caminhos, dispersos por montes e vales, incrustadas ou cravadas em velhos muros ou na frontaria de casas e portais de quintas.

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