Artesãos noruegueses querem recuperar 80 aldeias de xisto
Um grupo de artesãos noruegueses quer investir na recuperação de 80 casas situadas nas 24 terras que integram a Rede das Aldeias do Xisto. Alguns dos potenciais investidores estão a participar em workshops de troca de experiências com artesãos portugueses para perceber como são as aldeias do xisto e o que nelas se poderá fazer aproveitando o dinheiro (60% a fundo perdido) que o projecto norueguês EEA Grants vai disponibilizar.
Hoje, em Janeiro de Cima, uma das aldeias da Rede pertencentes ao concelho do Fundão, termina o segundo de quatro workshops da "Rede do Património do Xisto", um projecto internacional entre a Rede das Aldeias do Xisto em parceria com o Museu de Røros, localizado na cidade mineira de Røros, na Noruega, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.
Segundo Ana Cunha, uma das responsáveis pelo projecto, a iniciativa tem por base a transferência de conhecimentos entre os artesãos noruegueses e portugueses que depois de diversas acções do género ficarão habilitados para recuperar edifícios construídos à base de xisto (em Janeiro de Cima apenas designado por "pedra"), penedos (pedra do rio) e madeira.
O objectivo final passa por criar uma bolsa nacional de artesãos que ficarão credenciados para se poderem candidatar à recuperação das 80 casas incluídas no projecto. "Apenas os pedreiros e carpinteiros que passarem por estas acções de formação poderão efectuar os trabalhos de requalificação dos edifícios", salientou a arquitecta Ana Cunha
O JN visitou o grupo de quatro artesãos noruegueses e sete nacionais que nas últimas três semanas falaram numa linguagem que dizem ser universal, o "artesanês". Encontrou o grupo dividido entre um trabalho de reconstrução de uma parede de uma casa onde o mestre pedreiro José Latada, de 85 anos, revelava os preciosos segredos de reerguer uma parede com a ajuda de barro, pedra, penedos e muita mestria. Enquanto que os restantes elementos estavam numa carpintaria local a reconstruir portas e janelas de uma casa de Figueira, do concelho de Proença-a-Nova, que será alvo de intervenção aquando da realização do terceiro workshop, que terá início dia 31 de Março.
Odd Sletten, sub-director do Museu de Røros, referiu ao JN que "os métodos e filosofia inerentes à intervenção do património vernacular tem um diálogo universal, independentemente das técnicas de construção tradicionais de cada país ou região". Considera, o também arquitecto, que "este diálogo pioneiro de praticar a dúvida como um lugar onde pode surgir alguma coisa nova tem dado origem a uma troca de experiências e de informações" que nem mesmo as diferentes línguas têm sido obstáculo. Os artesãos vão trocando algumas palavras em inglês apoiados por tradutores, sempre que necessário.
Nesta última semana decorreu ainda um wokshop destinado a arquitectos que contou com a participação de Odd Sletten e oito arquitectos da região do Fundão e Castelo Branco que se dedicam à intervenção do património edificado e que se encontra em ruínas.
Refira-se que o projecto da Rede das Aldeias do Xisto, além de ter vindo a ser premiado nas mais diversas vertentes, é já reconhecido internacionalmente, tendo recebido distinções de operadores turísticos de renome e prestigiadas revistas estrangeiras.
in Jornal de Notícias, de 14/03/2008
Hoje, em Janeiro de Cima, uma das aldeias da Rede pertencentes ao concelho do Fundão, termina o segundo de quatro workshops da "Rede do Património do Xisto", um projecto internacional entre a Rede das Aldeias do Xisto em parceria com o Museu de Røros, localizado na cidade mineira de Røros, na Noruega, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.
Segundo Ana Cunha, uma das responsáveis pelo projecto, a iniciativa tem por base a transferência de conhecimentos entre os artesãos noruegueses e portugueses que depois de diversas acções do género ficarão habilitados para recuperar edifícios construídos à base de xisto (em Janeiro de Cima apenas designado por "pedra"), penedos (pedra do rio) e madeira.
O objectivo final passa por criar uma bolsa nacional de artesãos que ficarão credenciados para se poderem candidatar à recuperação das 80 casas incluídas no projecto. "Apenas os pedreiros e carpinteiros que passarem por estas acções de formação poderão efectuar os trabalhos de requalificação dos edifícios", salientou a arquitecta Ana Cunha
O JN visitou o grupo de quatro artesãos noruegueses e sete nacionais que nas últimas três semanas falaram numa linguagem que dizem ser universal, o "artesanês". Encontrou o grupo dividido entre um trabalho de reconstrução de uma parede de uma casa onde o mestre pedreiro José Latada, de 85 anos, revelava os preciosos segredos de reerguer uma parede com a ajuda de barro, pedra, penedos e muita mestria. Enquanto que os restantes elementos estavam numa carpintaria local a reconstruir portas e janelas de uma casa de Figueira, do concelho de Proença-a-Nova, que será alvo de intervenção aquando da realização do terceiro workshop, que terá início dia 31 de Março.
Odd Sletten, sub-director do Museu de Røros, referiu ao JN que "os métodos e filosofia inerentes à intervenção do património vernacular tem um diálogo universal, independentemente das técnicas de construção tradicionais de cada país ou região". Considera, o também arquitecto, que "este diálogo pioneiro de praticar a dúvida como um lugar onde pode surgir alguma coisa nova tem dado origem a uma troca de experiências e de informações" que nem mesmo as diferentes línguas têm sido obstáculo. Os artesãos vão trocando algumas palavras em inglês apoiados por tradutores, sempre que necessário.
Nesta última semana decorreu ainda um wokshop destinado a arquitectos que contou com a participação de Odd Sletten e oito arquitectos da região do Fundão e Castelo Branco que se dedicam à intervenção do património edificado e que se encontra em ruínas.
Refira-se que o projecto da Rede das Aldeias do Xisto, além de ter vindo a ser premiado nas mais diversas vertentes, é já reconhecido internacionalmente, tendo recebido distinções de operadores turísticos de renome e prestigiadas revistas estrangeiras.
in Jornal de Notícias, de 14/03/2008
Etiquetas: aldeias do xisto
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