terça-feira, 20 de março de 2007

Projecto para a Quinta do Baião e ADIBER

A propósito da notícia publicada no Diário de Coimbra (sexta-feira), relativa à Quinta do Baião/ADIBER, em Góis, importa dizer o seguinte:
Efectivamente, intervi na aproximação de um investidor ao concelho de Góis. E fi-lo porque esta é a minha terra, preocupo-me com ela e custa-me ver o estado de abandono e de falta de iniciativa a que tem sido sujeita. Nunca a minha intervenção foi no sentido de travar qualquer engrenagem, até porque e engrenagem nunca se movimentou, mantendo-se enferrujada há 8 longos anos. Quando muito, tentei desbloquear a engrenagem para que o desenvolvimento turístico e económico do meu concelho não continuasse a ser encravado por um processo sem resolução à vista. Antecipando, contudo, a previsibilidade de ser acusado de fins político-partidários, em boa hora, e promovidos os contactos pessoais iniciais entre a Câmara e o investidor, afastei-me, deliberadamente, preferindo que as negociações e contactos passassem a ser directos entre eles, sem qualquer intervenção da minha parte, o que tem sucedido. Espero, agora, que independentemente de qual seja a empresa ou associação a investir, o processo avance sem mais delongas criando-se em Góis os postos de trabalho e o desenvolvimento que este concelho tanto necessita e merece.
Sinceramente, não acredito que seja a ADIBER a resolver a questão de fundo, ainda que o concurso ou a deliberação da Câmara lhe seja favorável, tão só porque, simultâneos a este projecto da Quinta do Baião, houve também os projectos da "Casa da Natureza" e da "Casa do Artista" (antiga casa e Quinta dos Maias), o primeiro que já mereceu o regresso da posse do imóvel à Câmara Municipal e o segundo que está parado no tempo, não se criando os postos de trabalho nem se dotando Góis das valências que foram propostas - E também não sei quais foram os programas financiadores destes projectos. - Seria muito bom que a ADIBER estivesse preocupada em colocar a funcionar as estruturas que ainda possui ao invés de impedir investimentos privados.
Quanto à sugestão do Presidente da ADIBER, de que houve influência da minha parte, na decisão da Sr.ª Vereadora Graça Aleixo, quando propõe a existência de concurso público para a venda do imóvel, tenho a dizer que nem a Sr.ª Vereadora me parece influenciável, nem vejo qualquer problema em que os negócios de montante previsto se façam de forma transparente e à vista de todos, e não quero, sequer, acreditar que tenham sido as mesmas razões que tenham presidido à sugestão do Vereador do PS, Sr. Eng.º Diamantino Garcia, de evitar o concurso público!
Relativamente aos financiamentos do Leader II e Leader+, e a todos os negócios estabelecidos entre a Câmara e a ADIBER ao tempo em que José Cabeças presidia a ambas, não me posso pronunciar, por conhecimento concreto insufuciente, contudo e porque as notícias dos últimos dias sugerem algumas dúvidas, não posso deixar de sugerir ao Sr. Presidente da ADIBER, Ex-Presidente da Câmara Municipal e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Góis, a bem da verdade e no estrito interesse público de transparência, de provocar uma auditoria externa, independente e credível a todos os financiamentos obtidos de ambos os Leaders por parte da ADIBER; a todos os negócios estabelecidos e subsídios percebidos entre a ADIBER e a Câmara Municipal de Góis desde a fundação daquela associação, incidindo sobretudo no período em que as presidências coincidiram na pessoa de José Cabeças, a todos os negócios ocorridos entre a Santa Casa da Misericórdia de Góis e Câmara Municipal ao tempo em que Presidente da Câmara e Provedor eram também a mesma pessoa; e a todos os negócios estabelecidos entre a ADIBER e a Santa Casa. Sugiro ainda uma explicação sobre os motivos dos atrasos constantes com a conclusão da "Casa do Artista" e sobre o processo de reversão da "Casa da Natureza". E, claro está, tornar público o resultado dessas auditorias. A promoção destas medidas e parece-me a mais conveniente ao invés de se tentar dar contornos partidários a uma questão que é de interesse municipal, empurrando-se para o partido da oposição as responsabilidades por situações nas quais não teve qualquer intervenção. E tanto não teve qualquer intervenção, que existe outra proposta de compra do mesmo espaço, por parte de outro investidor com o qual nunca tive, nem qualquer militante do PSD, qualquer proximidade ou contacto.
A Bem da Verdade, façam-se as auditorias e as respectivas publicações; a Bem de Góis, façam-se os investimentos, independentemente dos investidores que os suportem.
Abílio Bandeira Cardoso
in Diário de Coimbra, de 20/03/2007