terça-feira, 16 de janeiro de 2007

O Pião de Dois Bicos

Retornando à nossa meninice, também nós gostávamos de jogar o pião que normalmente tinha um bico, uma cabeça e uma barriga que devido à acumulação da massa que tinha na dita barriga, assim se mantinha por mais ou menos tempo em movimento.
Raramente existiam os piões de dois bicos que têm a particularidade de no sítio da cabeça terem um segundo bico, o que lhe permite serem "deitados" indistintamente de um lado ou do outro.
Na barriga acumulam a energia cinética que os mantém em movimento por mais ou menos tempo.
O movimento é obtido por intermédio de uma corda fina que se enrola à volta do pião e que num esticão rápido na referida corda, se trasmite o movimento ao pião.
O segredo e a categoria do pião depende da densidade da madeira (buxo) especialmente e também do tamanho da sua barriga.
Havia quem o fizesse de pinho.
O pião é como algumas pessoas; quanto maior têm a barriga, mais importantes pensam que são.
Vem isto a propósito da principal artéria da Várzea Grande que apenas é fotografada a partir dos seus bicos, ou seja, onde os troços são rectos e se avista ao longe a curva enforcada da Cova do Barro.
Se a observação for feita ao contrário, apenas se vê o barracão.
Se nos colocarmos no cruzamento da rua da Escola, veremos ao fundo a casa da Costeira.
Se a observação for feita ao contrário ou seja do lado do Café Toca, veremos novamente o barracão.
São os fantasmas do destino.
As curvas ou seja a barriga da Avenida, essas não são fotografadas porque estão ligadas às asneiras que ainda se vão fazendo por cá, para satisfação e defesa de interesses de alguns.
É sempre bom lembrar os mentores do traçado primitivo que pela sua sabedoria em urban´sitica e bom senso, supunham ter legado à Várzea Grande a única avenida digna desse nome.
Não é por acaso que existe na freguesia de Vila Nova do Ceira um local com o nome de Vale Torto.
Adriano Baeta Garcia
in O Varzeense, de 15/01/2007